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Covid-19: Bancos de jardins do Porto cheios de povo a usufruir de sol e liberdade

Os bancos de jardins da cidade do Porto encheram-se esta semana com reformados, casais de namorados, estudantes, músicos e ‘babysitters’ com bebés, e todos se congratulam pela suspensão da proibição de estar em parques devido à covid-19.

Covid-19: Bancos de jardins do Porto cheios de povo a usufruir de sol e liberdade
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As mesas e bancos do jardim da Praça do Marquês de Pombal, no Porto, voltaram a receber os seus fregueses tradicionais, na maioria reformados à procura de sol e de um banco para dar “duas de letra” com os amigos enquanto bebem um café, comprado ao postigo.

Manuel Costa, bancário reformado, comprou um café e pão fresco e recostou-se num banco de jardim a conviver com o seu amigo Mário Silva, gerente comercial também reformado.

“Finalmente agora posso estar a conviver no jardim com um amigo no banco sem ser multado”, conta, a sorrir, considerando que a medida de interditar as pessoas nos parques e bancos de jardim por um lado foi “má”, porque retirou liberdade às pessoas lado, mas por outro lado “necessária”.

“As medidas eram necessárias, porque senão era uma rebaldaria”, resume Manuel Costa.

Mário Silva concorda com o amigo: “Era uma medida necessária, por causa das asneiras no Natal”.

Hoje com o aliviar da proibição, Mário assume que está muito mais “feliz”.

Jerónima Amaral também regressou esta semana aos bancos de jardim do Porto e trouxe consigo um bebé no carrinho para apanhar sol e ar puro.

“O isolamento em demasia atrofia a cabeça. Então, para as crianças, apanhar ar é essencial”, defende, afirmando que desde que as pessoas respeitem as restrições, voltar aos jardins é uma maravilha.

O casal Agostinho Santos, 77 anos, e Fernanda Santos, 78 anos, conta que decidiu voltar aos bancos de jardim para “namorar ao sol” e “apanhar vitamina D”.

O casal concorda com as medidas impostas para combater a covid-19, porque reconhece que muitas pessoas se esquecem de colocar a máscara, juntando-se no jardim sem as devidas distâncias.

Num banco de jardim, perto da Avenida dos Aliados, Lucas Santos, estudante de filosofia, toca violoncelo para ganhar a vida, enquanto luta por ser escritor profissional.

Veio do Brasil para Portugal em busca de uma vida melhor em 2019 e conta à agência Lusa que “faz sentido controlar o vírus” nem que seja proibindo as pessoas de se sentarem em bancos de jardim.

“Há sempre alternativas. Podemos sentar no passeio. Eu gosto de como em Portugal as coisas são levadas a sério, mas sem agressividade. A polícia não é agressiva e as pessoas respeitam”, descreve o jovem brasileiro, assumindo que sente “esperança e paz” com o levantamento das medidas de confinamento.

Lucas Santos e o seu colega da universidade Gustavo Moreira consideram que o confinamento pode, por vezes, ser uma oportunidade para descobertas simples na vida.

“Havia muitos anos que não me sentava na relva para ler e o confinamento deu-nos a oportunidade de voltar às coisas simples”, recorda Lucas.

Fernanda Marinho também decidiu usufruir dum banco de jardim para conversar com um amigo, até porque considerou a medida de fechar parques e jardins “demasiado dura”.

“Não faz sentido. Já sou uma pessoa um bocado depressiva e o jardim ajuda a ter mais liberdade e a sentir-me melhor. Acho que a abertura dos jardins foi uma medida muito boa para a liberdade individual desde que estejam protegidos por máscara e respeitem as distâncias”

Fernando Sá, bombeiro aposentado, também considerou “absurdo algumas medidas”, como por exemplo, as crianças não poderem brincar num parque ou sentarem-se no jardim.

“Concordo com a abertura dos jardins, porque essa regra era estúpida”.

Cláudia Vasconcelos decidiu ler “A História das Instituições”, de Carlos Marques Almeida, num banco de jardim do Porto, enquanto acompanhava o pai Agostinho de Vasconcelos, 92 anos, repousando ao sol num banco.

“As pessoas vieram em massa para os jardins, porque sentem que estão a ser lesadas na sua liberdade individual”, observou, criticando a medida do Governo de interditar os bancos de jardim.

Para Cláudia Vasconcelos o governo está num “desnorte”.

“Eles [Governo e parlamento] não sabem o que fazem, mas pelo meio vão destruindo as pessoas. A legislação está feita por cretinos que não saem do parlamento. Parecem um bando de incompetentes a fazer leis. Eu sei que o vírus é um drama, mas as regras estão a ser um caos e o povo é que está a pagar tudo”, argumenta.

A permanência em parques e bancos de jardim voltou a ser permitida esta segunda-feira passada, dia 15 de março, embora as autarquias tenham o poder de a proibir, de acordo com o decreto-lei que regulamenta o novo estado de emergência.

O comércio ao postigo também foi autorizado pelo Governo a partir dia 15 de março passado, bem como passou a ser permitido reabrir creches, ensino pré-escolas, escolas do primeiro ciclo, cabeleireiros, manicures e estabelecimentos similares, livrarias, comércio automóvel, imediação imobiliária, bibliotecas e arquivos.

Segundo um balanço da agência noticiosa francesa AFP, a pandemia de covid-19, que teve origem no vírus SARS-CoV-2 e registou os primeiros casos em dezembro de 2019, já provocou mais de 2,7 milhões de mortes em todo o mundo, em resultado de 120,6 milhões de infetados.

Em Portugal, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde, a covid-19 já causou 16.707 óbitos entre 814.897 casos de infeção confirmados.

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