A taxa de incidência acumulada da covid-19 em Cabo Verde duplicou em apenas duas semanas, cifrando-se atualmente em 253 casos por 100 mil habitantes, segundo dados atualizados pela Direção Nacional de Saúde.
De acordo com o último balanço acumulado a 14 dias, de 22 de março a 04 de abril, as autoridades sanitárias de Cabo Verde reportaram 1.426 novos casos de covid-19, com uma média diária de 102 novos infetados, num total de 10.973 amostras analisadas nesse período, o que corresponde a uma taxa de positividade de 13%.
No período imediatamente anterior, de 08 a 21 de março, em 9.058 amostras processadas nos laboratórios de virologia do país foram confirmados 720 novos casos de covid-19, equivalente a uma média diária de 51 infetados, com uma taxa de positividade de 8%.
O agravamento da situação, admitido pela Direção Nacional de Saúde, reflete-se na taxa de incidência acumulada, que passou de 128 para 253 casos por cada 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.
Face ao evoluir da situação epidemiológica, e numa altura em que Cabo Verde já está há vários dias em campanha para as eleições legislativas de 18 de abril, as autoridades cabo-verdianas começaram na sexta-feira a reforçar a fiscalização ao cumprimento das medidas de prevenção à covid-19, como aglomerações nas praias ou festas privadas.
A decisão, tomada após reunião, em 01 de abril, do gabinete de crise criado há mais de um ano pelo Governo para lidar com a pandemia, vai no sentido do apelo do Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, de reforçar a fiscalização das medidas, sendo visível um afrouxamento no cumprimento do distanciamento social ou do uso de máscara na via pública, obrigatório por lei.
De acordo com o ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, o Governo decidiu “reforçar”, através das forças da Polícia Nacional e da Inspeção-Geral das Atividades Económicas (IGAE), a “fiscalização do cumprimento daquilo que está previsto” na atual situação de contingência – o segundo de três níveis previstos na lei que estabelece as bases da Proteção Civil em Cabo Verde -, e que para já não será alterada.
“Eu falo concretamente para evitarmos as aglomerações a nível das praias balneares e também em relação às campanhas eleitorais”, disse Arlindo do Rosário, considerando que é possível, “cumprindo aquilo que está na Constituição, fazer […] campanha eleitoral sem comprometer ou agravar a situação sanitária”.
O Presidente da República de Cabo Verde pediu na quinta-feira mais fiscalização às medidas de proteção à covid-19 no arquipélago, face ao crescente aumento de casos, sobretudo na Praia, admitindo a possibilidade de subida no nível de alerta.
“Creio que se justifica aumentar a fiscalização. As medidas tomam-se para ver se são cumpridas ou não pelas pessoas”, afirmou Jorge Carlos Fonseca, após reunir-se durante uma hora com o ministro da Saúde, no palácio presidencial, na Praia.
O país registou na quarta-feira passada o recorde (desde o início da pandemia, em março do ano passado) de 191 novos casos de covid-19 num dia, ultrapassando os mil casos ativos, o que coincide com um período de visível relaxamento de medidas de contenção da doença, nomeadamente, disse o chefe de Estado, aglomerações nas praias.
“Tem de haver algum tipo de medidas de fiscalização e de controlo”, afirmou.
“Parece-me que não basta nós termos as medidas, ou anunciá-las, é preciso é que elas sejam cumpridas”, enfatizou.
Para Jorge Carlos Fonseca, se com um aumento da fiscalização “continuar a haver incumprimento ou aumento de casos”, então “deve-se ponderar a adoção de medidas mais fortes”, dentro de cada nível de alerta.
O arquipélago registava esta segunda-feira 1.166 casos ativos de infeção – contra 397 em 01 de março - e somava 173 mortos por complicações associadas à doença, num total de 17.939 casos confirmados desde 19 de março de 2020, dos quais 16.587 já foram considerados recuperados.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.862.002 mortos no mundo, resultantes de mais de 131,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.