O Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, nos Açores, já esgotou dois terços da sua capacidade de consumo de oxigénio com doentes de covid-19, revelou hoje o secretário regional da Saúde.
“Temos 15 internados no Hospital do Divino Espírito Santo, sete dos quais em unidade de cuidados intensivos […]. Dois terços do consumo de oxigénio permitido já estão esgotados. São 229 litros, numa capacidade de 280 a 300 litros”, afirmou o secretário da Saúde, Clélio Meneses, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.
O governante sublinhou que a situação está ainda “controlada”, mas disse que merece uma atenção especial.
“É preciso estar atento, estamos a acompanhar, estamos a controlar. Se isto descontrolar, se passamos o nível de descontrolo e de falta de capacidade de resposta teremos problemas intensos. Neste momento ainda não chegámos aí, estamos a acompanhar, estamos a monitorizar a situação ao dia, por isso é que tomamos medidas mais rigorosas e restritivas”, salientou.
Segundo Clélio Meneses, há já contactos entre o hospital de Ponta Delgada e o Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, para existir, se houver necessidade, uma partilha de equipamentos ou recursos humanos.
“Há possibilidade de transferir doentes e de enviar recursos humanos do Hospital de Santo Espírito para o Hospital do Divino Espírito Santo”, adiantou.
O secretário regional da Saúde reiterou, no entanto, que a testagem intensa que se está a realizar em São Miguel permite assegurar que a situação pandémica está controlada.
“É através desta testagem regular, intensa, nalguns casos massiva, com a identificação dos casos positivos, com a identificação de todos os contactos de primeiro e segundo nível, de alto e de baixo risco, que se pode dizer que a situação está controlada, porque estamos a acompanhar no momento todas as situações que vão surgindo”, frisou.
A título de exemplo, Clélio Meneses disse que, “desde 27 de março, só no concelho do Nordeste foram realizados 2.618 testes e no concelho de Vila Franca do Campo estima-se que até ao final desta semana sejam realizados 2.837 testes”.
A ilha de São Miguel concentra 340 dos 343 casos ativos de infeção pelo novo coronavírus nos Açores e tem casos detetados em 40 freguesias, “predominantemente da estirpe inglesa”.
Quatro dos seis concelhos da ilha (Vila Franca do Campo, Nordeste, Ribeira Grande e Lagoa) tiveram mais de 100 casos por 100 mil habitantes nos últimos sete dias, passando ao nível de alto risco de transmissão, a partir das 00:00 de sexta-feira.
Os restantes dois concelhos (Ponta Delgada e Povoação) ficarão igualmente sujeitos às medidas de alto risco, tendo em conta que mais de 50% dos concelhos da ilha estão neste nível de risco.
Os Açores têm atualmente 343 casos ativos de infeção pelo novo coronavírus que provoca a doença covid-19, dos quais 340 em São Miguel, dois na ilha Terceira e um nas Flores.
Desde o início da pandemia foram diagnosticados na região 4.549 casos, tendo ocorrido 4.065 recuperações e 30 óbitos. Saíram do arquipélago sem terem sido dadas como curadas 68 pessoas e 43 apresentaram comprovativo de cura anterior.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.961.387 mortos no mundo, resultantes de mais de 137,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.931 pessoas dos 828.857 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.