O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, afirmou hoje que a ideia de criar uma Superliga é movida pela «ganância», considerando que são planos que vão «contra tudo aquilo que o futebol deve ser».
“A UEFA e o futebol estão unidos contra a proposta que vimos de alguns clubes na Europa que são movidos pela ganância. Toda a sociedade e os governos estão unidos contra estes planos cínicos, que são contra o que o futebol deve ser. A integralidade e o mérito desportivo são essenciais e não vamos deixar que isso mude nunca”, disse Ceferin em conferência de imprensa.
O líder do organismo que tutela o futebol europeu defendeu que as equipas que vão estar nas competições europeias o conseguiram por “mérito e não por convite”, reafirmando que os jogadores dos clubes que alinhem numa Superliga vão ser “proibidos” de participar em competições internacionais, como o Campeonato do Mundo e o Campeonato da Europa, e também não poderão representar as suas seleções.
Ceferin agradeceu aos jogadores, clubes e dirigentes que estão contra a criação de uma “competição fechada”, bem como aos líderes políticos que “respeitam os adeptos, a cultura e os valores europeus”, considerando a ideia da Superliga como “cuspir na cara de todos os que gostam de futebol”.
O dirigente esloveno lembrou que a UEFA redireciona grande parte das receitas de novo para o futebol, de modo a “financiar” o desenvolvimento da modalidade, ao contrário da Superliga, que considera ser movida por “ganância, egoísmo e narcisismo de alguns”.
Alguns dos clubes envolvidos neste processo estão ainda nas competições europeias deste ano e muitos vão ter vários jogadores nas seleções no Euro2020, adiado para este ano devido à pandemia de covid-19, com Ceferin a explicar que não sabe quando é que vão entrar em vigor as proibições.
“Ainda estamos a analisar a situação com a nossa equipa legal. Ainda é cedo para decidir, mas vamos informar assim que exista algo. Na minha opinião pessoal, os clubes devem ser banidos o mais cedo possível das nossas competições e os jogadores também banidos das competições”, salientou.
Sobre a possível proibição de os clubes jogarem nas suas ligas nacionais, o líder da UEFA explicou que serão os responsáveis dos países a decidir, mas manifestou crença que vão seguir o caminho europeu, “sempre dentro da lei”.
Ceferin acredita que não vão existir mais clubes a seguir o caminho da Superliga, apesar de não poder dar certezas, deixando críticas aos dirigentes desses 12 clubes, em especial a Andrea Agnelli, presidente da Juventus, equipa de Cristiano Ronaldo.
“Andrea Agnelli é a maior desilusão de todos. Não quero ser muito pessoal, mas nunca vi alguém mentir como ele e de forma tão persistente. Falei com ele sábado, disse-me que eram só rumores e que me ligava dentro de uma hora. Depois desligou o telefone e no domingo à noite...”, explicou.
O responsável da UEFA lembrou o seu percurso como advogado criminal para dizer que já conheceu muitas “pessoas estranhas” na vida, mas que também existem “pessoas estranhas e mentirosas no futebol”.
“Estou zangado em ver que estes 12 clubes ricos querem roubar o futebol da nossa sociedade. Escrevem sobre solidariedade e não sabem o que é isso, só olham para os seus bolsos. Estou zangado, mas muito calmo. Mas por outro lado também feliz que tenha acontecido, porque agora sabemos quem é quem. Ouviam-se rumores, mas agora sabemos”, frisou.
Aleksander Ceferin acredita ter o apoio da FIFA e do seu presidente Gianni Infantino, referindo que os dois já conversaram ao telefone.
“Falei com Infantino e prometeu apoio total. Disse-me que é contra a Superliga e que vai assumir isso publicamente na terça-feira. Pelo que me disse vai condenar este projeto e estou ansioso por o ouvir”, disse.
A terminar, o presidente da UEFA salientou que o futebol é sobre “jogadores e adeptos” e não sobre “lucros e donos”, e que os clubes ainda vão a tempo de “recuar e respeitar os adeptos”.
A criação de uma Superliga europeia de futebol foi no domingo anunciada, em comunicado, por 12 dos principais clubes de Espanha, Inglaterra e Itália, que pretendem desenvolver uma competição de elite, concorrente da Liga dos Campeões, em oposição à UEFA.
AC Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, FC Barcelona, Inter de Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham, “uniram-se na qualidade de clubes fundadores” da Superliga, indica o comunicado.
Os promotores da Superliga adiantam que a prova será disputada por 20 clubes, pois, aos 15 fundadores – apesar de terem sido anunciados apenas 12 -, juntar-se-ão mais cinco clubes, qualificados anualmente, com base no desempenho da época anterior.
Já hoje, a UEFA anunciou hoje alterações nas competições europeias a partir de 2024, com a Liga dos Campeões a passar de 32 para 36 equipas, num modelo sem fase de grupos, passando para uma liga única.