O vice-presidente do PAICV, maior partido da oposição cabo-verdiana, pediu hoje urgência ao Governo na tomada de medidas para controlar a pandemia da covid-19 no país, que nos últimos dias tem registado números elevados de novos casos.
“A urgência é que o Governo aja, tome as medidas necessárias para enfrentar esta pandemia, proteger os cidadãos, as famílias, proteger a saúde das pessoas, também tem a obrigação de proteger o emprego e as empresas”, apelou Rui Semedo.
O vice-presidente do Parido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) falava à imprensa, na cidade da Praia, à saída de uma audiência com o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, que começou a ouvir os partidos políticos com assento parlamentar para indigitar o primeiro-ministro após as eleições legislativas de 18 de abril.
Para o representante partidário, o Governo, que agiu em campanha eleitoral noutras coisas, não pode reclamar da falta de posse ou de recondução para não agir com relação a esta questão que considera “urgente e prioritária”.
“Nesse aspeto, acho que o Governo tem todas as condições para agir para enfrentar a pandemia no país, num contexto em que também o mundo tem sinais pouco encorajadores e aqui em Cabo Verde a situação é muito grave”, considerou Rui Semedo.
Na terça-feira, o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, anunciou que as autoridades policiais e de saúde vão reforçar a fiscalização ao uso de máscara, mas descartou novos estados de emergência por causa da pandemia da covid-19.
Além do reforço da fiscalização do uso de máscaras, o primeiro-ministro avançou que as autoridades vão aumentar a comunicação e a informação nas rádios, nas televisões e nas comunidades, esperando que haja uma “resposta positiva” dos cidadãos.
Para o vice-presidente do PAICV, o uso de máscaras é uma medida que vem da legislação anterior e que não devia ser descuidada, mesmo em contexto de campanha eleitoral, e fazia parte da necessidade de todas as medidas sanitárias para fazer face à pandemia.
“Essa questão de perspetiva pedagógica como o Governo apresenta a intensificação do uso de máscaras, é uma medida que deveria ser também tomada mesmo no contexto de campanha, aí sim justificava a intervenção do Governo porque era uma questão de saúde pública, da vida dos cabo-verdianos que estava em causa. O Governo não precisava de esperar para depois das eleições para incentivar as pessoas a utilizarem as máscaras”, defendeu.
Mesmo depois do recente aumento de casos de covid-19, o primeiro-ministro disse ainda que o Governo não defende um novo estado de emergência, explicando que esse período pressupõe um conjunto de consequências económicas e sociais, com o encerramento de serviços, de empresas, que vão dificultar ainda mais a vida das pessoas.
Cabo Verde tinha até terça-feira um total de 20.781 casos positivos acumulados desde o início da pandemia, dos quais 194 óbitos e há 2.223 casos ativos, seis óbitos por outras causas e oito transferidos.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.046.134 mortos no mundo, resultantes de mais de 142,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.