A Índia ultrapassou hoje os 200 mil mortos desde o início da pandemia da covid-19, com 3.293 óbitos nas últimas 24 horas, além de ter registado um novo máximo de infeções, com 360.960 casos.
O número diário de mortes causadas pela covid-19 e de casos da doença é o maior de sempre naquele país, que se debate com falta de oxigénio e de recursos para combater a segunda vaga da pandemia.
Com uma população de 1,3 mil milhões de habitantes, a Índia está a braços com um surto devastador. Só em abril, o país registou quase seis milhões de novos casos.
A explosão do número de casos, atribuída a uma variante do vírus detetada na Índia e a comícios eleitorais e festivais religiosos em grande escala, sobrecarregou os hospitais, onde faltam camas, medicamentos e oxigénio.
A crise é particularmente grave na capital, Nova Deli, com pessoas a morrer às portas de hospitais apinhados, indicou a agência de notícias France-Presse (AFP).
Na terça-feira, o professor universitário Gautam Menon, especialista em modelos de previsão da pandemia, disse à Lusa que a Índia só deverá atingir o pico da segunda vaga "em meados de maio", podendo atingir os 500 mil casos diários.
"A situação atual é muito grave e a positividade dos testes é de mais de 20%, por isso já há uma grande transmissão comunitária, que não parece provável que baixe no curto prazo", disse o professor de Física e Biologia da Universidade Ashoka, na cidade de Sonipat, a 40 quilómetros de Nova Deli.
"A maioria dos modelos sugere que os casos vão continuar a aumentar e que o pico será provavelmente em meados de maio", antecipou, prevendo que o número de casos "deva chegar aos 400 a 500 mil" por dia.
Desde o início da pandemia, a Índia acumulou 201.187 óbitos e mais de 17,9 milhões de infeções, sendo o segundo país do mundo com mais casos, atrás dos Estados Unidos. É também o quarto com mais óbitos, depois dos EUA, do Brasil e do México.
O país, que administrou até agora perto de 150 milhões de vacinas contra a covid-19, vai alargar a vacinação a partir de sábado a todos os adultos, o que significa que mais 600 milhões de pessoas serão elegíveis.
No entanto, muitos estados queixam-se de não terem vacinas suficientes, com peritos a pedirem ao Governo que dê prioridade aos grupos vulneráveis e às áreas mais afetadas.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.122.150 mortos no mundo, resultantes de mais de 147,7 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.970 pessoas dos 834.991 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.