Os três maiores clubes portugueses de futebol geraram mais de 500 milhões de euros em receitas resultantes de transferências de jogadores no Século XXI, tendo garantido quase 200 milhões de mais-valias no mesmo período.
Em pouco mais de oito anos e meio de Século XXI, FC Porto, Sporting e Benfica transferiram 79 jogadores para outros clubes, obtendo um encaixe financeiro total de 535,5 milhões de euros.
No mesmo período, os três principais clubes, que monopolizam o mercado do futebol em Portugal, gastaram 343,6 milhões de euros em novos jogadores, tendo contratado a enormidade de 290 profissionais, muitos deles mais tarde dispensados sem qualquer contrapartida.
Entre compras e vendas, os três clubes geraram mais-valias de 191,9 milhões de euros, valor que torna a Liga portuguesa um dos campeonatos europeus mais capaz de promover e rentabilizar jogadores.
Neste particular, o FC Porto é um caso de sucesso quase ímpar, mesmo no plano europeu. Neste século, os “dragões” apresentam um lucro de 190,6 milhões de euros, consequência dos 340,6 realizados na venda de passes de jogadores contra os 150 milhões gastos no mesmo período em contratações.
A época de 2004/05 foi aquela em que o FC Porto mais gastou (29,6 milhões), tendo efectuado uma autêntica “revolução” no plantel após conquistar a Liga dos Campeões. Mas foi igualmente quando mais recebeu (81,8), nomeadamente com as transferências de Deco para o FC Barcelona (16) e de Paulo Ferreira (20) e Ricardo Carvalho (30) para o Chelsea.
A transferência do central português foi, aliás, das mais lucrativas para os portistas, tal como a de Pepe para o Real Madrid. O médio brasileiro Anderson, que rumou ao Manchester United por 31,5 milhões de euros, continua a ser a transferência mais cara do FC Porto e da história do futebol português.
A aquisição mais dispendiosa foi a do médio argentino Lucho González (10,2 milhões, divididos por duas parcelas), seguida pelas do avançado sul-africano Benni McCarthy (7,8), em 2003/04, do médio brasileiro Diego (7), em 2004/05, e do avançado uruguaio Cristian Rodríguez (7), em 2008/2009.
O Sporting aparece na segunda posição dos clubes que mais lucraram com passes de jogadores, ao registar um saldo positivo de 32,7 milhões, quase seis vezes menos que os rivais do Norte.
Com um total de 87,9 milhões provenientes das vendas de passes e 55,2 milhões gastos em aquisições, os “leões” são, entre os “três grandes”, quem menos gasta em contratações de jogadores, mas também quem menos recebe.
A época da conquista do último título (2001/02) foi aquela em que a equipa de Alvalade mais gastou (10,8 milhões), enquanto o início de 2007/08 foi a fase mais produtiva para os “cofres” do Sporting, ao encaixar 30,3 milhões de euros.
Foi precisamente nesse período que o clube lisboeta conseguiu a maior transferência da sua história, quando Nani rumou ao Manchester United por 25,5 milhões, quase 10 milhões a mais do que o valor pago pelos “red devils” por Cristiano Ronaldo, em 2003 (16).
No “top” dos jogadores que mais dinheiro custaram ao clube encontram-se o defesa/médio chileno Rodrigo Tello, contratado em Janeiro de 2001 por sete milhões, o goleador brasileiro Mário Jardel (5,5) e o avançado romeno Marius Niculae (5,3), ambos no início de 2001/02.
O Benfica é o único dos “três grandes” a registar um saldo negativo entre compras e vendas, com 31,4 milhões de euros de prejuízo. Ainda assim, encaixou uns apreciáveis 107 milhões, contra um gasto de 138,4.
O maior investimento na contratação de jogadores foi realizado em 2007/08 (34,5 milhões), mas, em contrapartida, foi nesta época que o clube registou o maior encaixe (42,2).
O antigo “capitão” Simão Sabrosa continua a liderar a lista dos jogadores mais caros da história dos “encarnados”, após ter sido contratado ao FC Barcelona por 12 milhões, em 2001/02, mas é seguido de perto pelo avançado paraguaio Óscar Cardozo (11,6).
Curiosamente, também foi Simão Sabrosa quem proporcionou a transferência mais valiosa, quando, no início da época 2007/08, trocou o clube da Luz pelo Atlético Madrid a troco de 20 milhões de euros, depois de seis anos a envergar a camisola encarnada.