O Vitória de Guimarães vai recorrer do castigo do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) por causa dos incidentes com o jogador Marega em 16 de fevereiro de 2020, anunciou hoje o clube vimaranense.
O CD da FPF puniu os minhotos com três jogos à porta fechada e uma multa de 53.500 euros no âmbito do processo relativo aos insultos racistas dirigidos a Marega no jogo entre Vitória e FC Porto, da 21.ª jornada da edição de 2019/20 da I Liga, que os 'dragões' venceram por 2-1, e o clube de Guimarães decidiu recorrer da decisão para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD).
"Por não concordar com os seus fundamentos e, bem assim, com o seu sentido, a sociedade desportiva vai impugnar a decisão junto do Tribunal Arbitral do Desporto", lê-se no comunicado publicado hoje, no sítio oficial vitoriano.
Neste processo, a acusação da Comissão de Instrutores (CI) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) ficou concluída em 26 de março de 2021, e o Vitória abdicou da presença na audiência disciplinar de 19 de abril, antes de a decisão ter sido tomada na reunião do CD de 03 de maio.
Se o Vitória não tivesse anunciado a decissão de recorrer, poderia cumprir os dois primeiros dos três jogos à porta fechada ainda na presente época, mesmo com a proibição de público nas bancadas para todos os jogos, frente ao Famalicão, em 12 de maio, para a 32.ª jornada, e ao Benfica, na última ronda, previsto para o dia 19.
No jogo entre vitorianos e 'dragões' da temporada 2019/20, o avançado portista recusou-se a permanecer em campo ao minuto 71, após ter sido alvo de insultos racistas por parte dos adeptos da formação vimaranense, numa altura em que os 'dragões' já venciam por 2-1.
Depois de pedir a substituição, Marega, que já alinhou no emblema minhoto e tinha marcado o segundo golo dos 'azuis e brancos', dirigiu-se para as bancadas do recinto vimaranense com os polegares a apontarem para baixo, situação que originou uma interrupção do jogo durante cerca de cinco minutos.
Vários jogadores do FC Porto e do Vitória de Guimarães tentaram demovê-lo, mas Marega mostrou-se irredutível na decisão de abandonar o jogo, tendo acabado por ser substituído por Manafá.
Este caso já tinha dado origem a vários processos, por entidades distintas, outro deles pela Autoridade para a Prevenção e Combate da Violência no Desporto (APCVD), que puniu o clube minhoto também com três jogos em casa à porta fechada, mas estes terão de ser cumpridos após o regresso do público aos estádios.
O emblema de Guimarães recorreu desta decisão e criticou ainda o presidente da Liga, Pedro Proença, considerando que este desrespeitou "a separação de poderes", após ter tomado posição sobre uma decisão do Tribunal da Relação de Guimarães.
Este órgão decidiu anular uma multa imposta a um adepto - um indivíduo de 29 anos na bancada sul, junto à claque vitoriana White Angels - pela APCVD por ocultação de identidade.
O outro processo decorre após uma investigação da Polícia de Segurança Pública (PSP), que acedeu às imagens de videovigilância do estádio, de forma a serem identificados os eventuais autores dos insultos racistas, e um processo-crime do Ministério Público (MP) "por atos de discriminação racial".
Três adeptos do emblema vimaranense estão a ser julgados no Tribunal de Guimarães pelo crime de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, punido com pena de prisão de seis meses a cinco anos, desde 25 de setembro.