A posição dos Estados Unidos da América a favor da suspensão das patentes das vacinas anti-covid-19 é «uma notável expressão de liderança», considerou hoje o diretor do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC).
Washington anunciou na quarta-feira que apoia o levantamento das proteções de propriedade intelectual sobre vacinas contra a covid-19, a fim de acelerar a sua produção e distribuição, e está “a participar ativamente” nas negociações com esse objetivo no seio da Organização Mundial do Comércio (OMC).
A decisão é “uma expressão notável de liderança e um desenvolvimento muito importante”, disse o diretor do África CDC, John Nkengasong, em declarações na conferência de imprensa semanal da organização através da Internet.
“A história recordará a decisão tomada pelo Governo dos Estados Unidos como sendo a coisa certa no momento certo para combater este terrível desafio, sem precedentes na nossa história contemporânea”, afirmou Nkengasong.
A União Africana lançou em 13 de abril várias parcerias com o objetivo de criar cinco centros de fabrico de vacinas em África e, desta forma, alcançar a produção local de 60% das vacinas que venham a ser utilizadas no continente num período de 20 anos.
África produz atualmente apenas 1% das vacinas ministradas no continente.
Não vai acontecer “da noite para o dia”, concedeu John Nkengasong. “Vai levar tempo, mas dá-nos uma oportunidade única de avançar com um programa de fabrico continental” de vacinas, acrescentou o diretor do Africa CDC.
“Estamos ansiosos por trabalhar com a Organização Mundial do Comércio para fazer avançar este processo”, disse ainda.
A União Europeia (UE) também está “pronta para discutir” a proposta dos Estados Unidos, disse hoje a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ainda que tenha manifestado ceticismo sobre a eficácia da medida no esforço de aceleração da campanha mundial de vacinação contra a covid-19.
A UE tem até agora dito que não apoia o levantamento das patentes, argumentando que a solução levará tempo, devido à falta de recursos de produção imediatamente disponíveis.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, manifestou-se hoje “inteiramente a favor” da medida, considerando, não obstante, que a prioridade a curto prazo deve ser “a doação de doses”, passando ainda pela produção de vacinas “em parceria com os países mais pobres”.
A Alemanha, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, declarou-se também “aberta” à “discussão” sobre o assunto.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.244.598 mortos no mundo, resultantes de mais de 155,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.