Juventus, FC Barcelona e Real Madrid denunciaram hoje “pressões inaceitáveis, ameaças e ofensas” contra os clubes fundadores da Superliga europeia de futebol, reafirmando os méritos da competição, que foi quase unanimemente criticada, com maior firmeza pela UEFA.
“Os clubes fundadores sofreram, e continuam a sofrer, pressões inaceitáveis, ameaças e ofensas de terceiros para abandonarem o projeto e, dessa forma, desistirem do direito e dever de encontrar soluções para o futebol pela via de propostas concretas e diálogo construtivo”, indica um comunicado publicado nos sítios oficiais na Internet dos três clubes.
O emblema italiano e os dois espanhóis consideram as pressões “intoleráveis à luz do Estado de direito” e lembram que “os tribunais já decidiram a favor da proposta da Superliga, ordenando à FIFA e à UEFA que (...) se abstenham de tomar qualquer tipo de medidas que obstruam o desenvolvimento da iniciativa”.
A reação dos três clubes que ainda não anunciaram o abandono do projeto – de um total de 12 fundadores conhecidos -, surge um dia depois de a UEFA ter aprovado um conjunto de sanções financeiras contra os nove dissidentes, na sequência de um acordo em que os clubes sancionados “reconheceram o erro”.
“Os nove clubes reconhecem e aceitam que o projeto da Superliga foi um erro e pedem desculpa aos adeptos, às federações nacionais, às ligas nacionais, aos restantes clubes europeus e à UEFA. Eles também reconheceram que o projeto não teria sido autorizado pelos estatutos e regulamentos da UEFA”, informou o organismo, em comunicado.
Os nove ‘arrependidos’, os ingleses do Manchester City, Liverpool, Chelsea, Manchester United, Tottenham e Arsenal, os italianos do AC Milan e Inter de Milão e os espanhóis do Atlético de Madrid aceitaram uma série de "medidas de reintegração", incluindo renunciar a 5% do rendimento proveniente de uma época nas competições europeias.
Paralelamente, vão doar, em conjunto, um total de 15 milhões de euros, transformados em doações a "comunidades locais" do futebol europeu.
"Ao aceitarem os seus compromissos e a sua vontade de reparar a perturbação que causaram, a UEFA quer deixar este capítulo para trás e avançar com um espírito positivo", afirmou o presidente do organismo regulador, Aleksander Ceferin.
O líder da UEFA advertiu que “o mesmo não pode ser dito dos [três] clubes que continuam envolvidos na chamada Superliga”, situação que, vincou, “a UEFA tratará em conformidade”, sem especificar quais as eventuais punições.
Os três ‘resistentes’ manifestaram hoje “tristeza por ver os amigos a parceiros fundadores da Superliga encontrarem-se em posição tão inconsistente e contraditória”, na sequência do acordo assinado com a UEFA.
Real Madrid, FC Barcelona e Juventus são os fundadores que insistem na concretização do projeto privado e concorrente da Liga dos Campeões e arriscam a sanções mais pesadas, estando a situação a ser analisada pelos órgãos disciplinares da UEFA.
Os nove clubes dissidentes poderão participar nas competições da UEFA para as quais se qualifiquem e comprometeram-se a pagar uma multa de 100 milhões de euros se, no futuro, pretenderem participar numa prova “não autorizada” pelo organismo que gere o futebol europeu.
Este grupo regressa também à Associação Europeia de Clubes, o único organismo representativo reconhecido pela UEFA, depois do afastamento na sequência do anúncio efetuado em 18 de abril, da criação de uma competição anual com 20 equipas, na véspera de ser revelado o formato competitivo da Liga dos Campeões a partir da época 2024/25.
O anúncio abalou o futebol europeu e as manifestações de repúdio foram quase unânimes – desde clubes, adeptos, futebolistas, treinadores e dirigentes a responsáveis políticos – e fizeram com que, após 48 horas, já só o Real Madrid, que preside à Superliga, FC Barcelona e Juventus se mantivessem no projeto.