O colombiano Egan Bernal (INEOS) deu hoje espetáculo em dia de ‘sterrato’ na Volta a Itália em bicicleta, na 11.ª etapa conquistada pelo suíço Mauro Schmid (Qhubeka ASSOS), ganhando tempo a toda a concorrência na luta pela geral.
Schmid, de 21 anos, cumpriu os 162 quilómetros entre Perugia e Montalcino em 4:01.55 horas, batendo o italiano Alessandro Covi (UAE Emirates), segundo colocado, a um segundo, e o belga Harm Vanhoucke (Lotto Soudal), terceiro, a 26.
Na luta pela geral, marcada pela perda de muito tempo do belga Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep), que era segundo à partida para esta tirada, o camisola rosa atacou todos os outros favoritos e reforçou o primeiro posto, agora com 45 segundos de vantagem para o russo Aleksandr Vlasov (Astana), segundo posicionado, e o italiano Damiano Caruso (Bahrain Victorious), terceiro, a 1.12 minutos.
Se Evenepoel ‘quebrou’ e caiu para sétimo, a 2.22 do líder, os restantes favoritos não fizeram muito melhor e apenas Vlasov tem menos de um minuto de diferença, após um ataque de Bernal na subida final ter feito a diferença entre os principais nomes.
É a segunda vez que o colombiano ataca o grupo, e pela segunda vez conseguiu sucesso, numa etapa que teve de tudo, de uma fuga que conseguiu vingar ao ‘espetáculo’ das porções de terra batida, passando por subidas exigentes e vários ataques, de nomes como o neozelandês George Bennett (Jumbo-Visma) ou do alemão Emmanuel Buchmann (BORA-hansgrohe).
Ainda assim, a história do dia foi a continuação da ‘novela’ da Deceuninck-QuickStep, num ‘episódio’ em que Remco Evenepoel, que chegou à ‘corsa rosa’ sem competir durante largos meses, desde o acidente em 2020 na Volta à Lombardia, se ‘afundou’.
O jovem belga caiu para sétimo, após um dia em que nunca pareceu capaz de ir com os melhores, agravado pela ‘polémica’ com João Almeida: numa primeira fase, o português não ficou para trás para ajudar o líder.
Mais tarde, descaiu e ajudou a trazê-lo até Montalcino, perdendo ambos 5.17 minutos para o vencedor da etapa. Com o luso em final de contrato e as declarações do ‘patrão’ Patrick Lefevere, de que Almeida “encostaria a bicicleta” se deixasse de trabalhar para Evenepoel, o caso fará correr muita tinta.
Longe da polémica, na frente, um jovem de 21 anos fez vingar uma fuga que chegou aos 15 minutos de vantagem, e que as equipas da geral deixaram lutar pela vitória final.
Schmid levou a melhor ante homens mais credenciados, muitos deles já com vitórias em grandes Voltas no currículo, mesmo que só à última hora tenha integrado a ‘convocatória’ da Qhubeka ASSOS para o Giro.
“Não acredito. Só vim para a equipa do Giro duas semanas antes do arranque, preparei-me bem, mas nunca estaria a pensar que este ano ia fazer uma grande Volta. Sofri tanto nos últimos 10 dias que, por vezes, pensei em não seguir. Hoje, sabia que tinha de entrar na fuga, porque amo a Strade Bianche, amo correr na gravilha”, contou o vencedor improvável.
Schmid admitiu que via Covi “muito forte”, e que quase o deixou escapar, mas conseguiu seguir e cortou a meta “sem sentir as pernas”.
Na luta pela geral, e além do ‘show’ de Bernal, destaque para o trabalho da Education First-Nippo, do britânico Hugh Carthy, que com Ruben Guerreiro e outros nomes foi selecionando o pelotão curto de favoritos, que perdeu vários nomes, do italiano Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo) ao francês Romain Bardet (DSM).
A ‘aliança’ INEOS e EF resultou, sobretudo, para destacar Bernal, para fazer duas ‘vítimas’ principais no ‘top 10’ - Evenepoel, agora sétimo, e o italiano Giulio Ciccone (Trek-Segafredo), oitavo -, bem como afastar outros ‘outsiders’.
Abaixo do pódio, Hugh Carthy já é quarto, a 1.17, enquanto o também britânico Simon Yates (BikeExchange), um dos grandes candidatos, é quinto a 1.22, com Emmanuel Buchmann a protagonizar a recuperação do dia, de nove lugares, para o sexto posto, a 1.50.
O norueguês Tobias Foss (Jumbo-Visma) foi outro dos ‘ressuscitados’, seguindo agora em nono, em sentido inverso do irlandês Dan Martin (Israel Start-Up Nation), fora do ‘top 10’.
Mesmo incumbido de ajudar Evenepoel, João Almeida conseguiu subir seis lugares na geral, prova dos ‘estragos’ causados pelo ‘sterrato’ em muitas pernas, e é agora 17.º, a 7.04 minutos de Bernal.
Em 21.º, quatro lugares melhor do que na segunda-feira, antes do primeiro dia de descanso, está Ruben Guerreiro, que foi 17.º na etapa, o melhor luso, e segue a 7.49, enquanto Nelson Oliveira (Movistar), de novo em bom plano no trabalho para o líder, o espanhol Marc Soler, subiu nove lugares para o 28.º, a 23.03.
Na quinta-feira, a 12.ª de 21 etapas liga Siena a Bagno di Romagna, ao longo de 212 quilómetros, em novo dia de montanha, com quatro contagens de montanha categorizadas.