O primeiro-ministro cabo-verdiano disse hoje que o país regista uma «tendência de diminuição» de casos de covid-19, mas que é preciso «baixar ainda mais», pelo que será mantida a situação de calamidade, alargada a todas as ilhas.
“É preciso baixar ainda mais para podermos ter as condições para eventualmente, num outro momento, podermos sair do estado de calamidade. Por agora ainda se justifica”, disse Ulisses Correia e Silva, numa mensagem ao país a partir do palácio do Governo, na Praia.
Além de manter as restrições em vigor desde final de abril, Ulisses Correia e Silva disse que será feita a vigilância de doentes com covid-19 em isolamento domiciliário.
“E serão aplicadas, como está previsto na lei, sanções no caso de incumprimento”, avisou o chefe do Governo.
Com o prolongamento da situação de calamidade, alargada a partir de hoje à ilha Brava, e apesar da estabilização e diminuição da pandemia ao longo do mês de maio, Ulisses Correia e Silva explicou que se mantém a proibição de atividades desportivas, de lazer e de diversão, e a limitação de lotação máxima de 150 pessoas em atividades públicas ou culturais.
Também continua a proibição de festas “fora do ambiente intrafamiliar”, a limitação de horários de funcionamento de bares, restaurantes, supermercados e outros estabelecimentos comerciais, além do reforço no cumprimento das normas sanitárias e de proteção, voltando o primeiro-ministro a insistir na necessidade de cumprimento das regras.
Antes da declaração ao país, durante a apresentação da situação epidemiológica no arquipélago, o diretor nacional de Saúde, Jorge Noel Barreto, apontou que Cabo Verde apresenta neste momento uma “estabilização e mesmo diminuição de casos” de covid-19, admitindo que as medidas restritivas adotadas em maio “surtiram efeito”, mas sublinhando que “é preciso tempo para estabilizar os resultados alcançados”.
“Ainda temos que ter muita cautela porque a taxa de positividade [casos positivos por amostras analisadas] ainda é superior a 4%”, disse, acrescentando a expectativa de Cabo Verde reduzir esta semana a taxa de incidência acumulada de casos de covid-19 a 14 dias para 400 por 100 mil habitantes.
“Mas é preciso que vá para 150 por 100.000 habitantes”, reconheceu.
Todas as ilhas de Cabo Verde vão permanecer em situação de calamidade por mais 30 dias, incluindo a Brava, a única até agora de fora deste nível de alerta, devido à pandemia de covid-19, segundo decisão do Governo.
A medida consta de uma resolução do Conselho de Ministros publicada quinta-feira, e que entra hoje em vigor, prorrogando a situação de calamidade - o nível mais grave de três previstos na lei que estabelece as bases da Proteção Civil em Cabo Verde - nas ilhas de Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal, Boa Vista, Maio, Santiago e Fogo, que já vigora desde final de abril, devido ao forte aumento do número de infetados diários com covid-19.
“Do mesmo modo, entende-se que a situação epidemiológica na Brava justifica que seja decretada a situação de calamidade”, lê-se na resolução.
Vários meses depois, o Governo de Cabo Verde voltou a decretar, em 30 de abril, a situação de calamidade em todas as ilhas, na altura com exceção da ilha Brava, por um período de 30 dias, agravando medidas de limitação de atividades com aglomerações de pessoas, face ao forte aumento de casos de covid-19, que chegaram a ultrapassar várias vezes os 400 novos infetados por dia.
Entretanto, a taxa de incidência acumulada de casos de covid-19 a 14 dias passou de 727 por cada 100.000 habitantes, no período de 26 de abril a 09 de maio, para 501 por cada 100.000 habitantes, de 10 a 23 de maio, segundo dados da Direção Nacional de Saúde.
No último período de 14 dias foram feitos 19.502 testes à covid-19 no arquipélago e detetados 2.821 novos casos (média diária de 202 novos casos), contra as 21.647 amostras e 4.093 novos casos (média de 293 novos casos por dia) no período anterior (26 de abril a 09 de maio).