A ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo repudiou hoje a decisão da UEFA em impedir que o estádio Allianz Arena em Munique se iluminasse com as cores do arco-íris para o Alemanha-Hungria.
“A ILGA Portugal lamenta a decisão da UEFA em rejeitar a iluminação arco-íris do estádio de Munique aquando do jogo entre Alemanha e a Hungria, considerando que este seria um gesto simbólico mas de cariz macro no que toca ao posicionamento pró-direitos LGBTI por parte das associações europeias de futebol”, pode ler-se em comunicado.
A associação ligada aos direitos da comunidade LGBTI endereçou ainda um apelo à Federação Portuguesa de Futebol (FPF), pedindo “um posicionamento” àquela instituição, com o hastear de uma bandeira arco-íris na sede, bem como “a promoção de políticas de inclusão e diversidade no contexto do futebol nacional”.
O mesmo apelo foi ainda dado a conhecer ao secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo.
A ILGA aplaudiu ainda a proposta da Câmara de Munique, que queria fazer brilhar as cores do arco-íris na resposta a uma legislação aprovada pelo parlamento húngaro.
“A ILGA Portugal recorda igualmente que, enquanto o capitão da equipa alemã, Manuel Neuer, vestiu uma braçadeira arco-íris – alvo da abertura de uma investigação por parte da UEFA [mais tarde levantada] –, o capitão da equipa portuguesa, Cristiano Ronaldo, foi vítima de cânticos de teor homofóbico por parte das bancadas húngaras”, lembra.
A associação considera “fulcral que a FPF se demarque dos mesmos e clarifique que este tipo de discurso de ódio (...) não é bem vindo no desporto”.
Citada em comunicado, a presidente da associação, Ana Aresta, considera a nova legislação um “atropelamento aos direitos humanos” e assinalou a intenção em Munique como “um claro sinal de inclusão e liberdade”, bem como “uma mensagem de segurança para os milhares de jovens LGBTI” que seguem a modalidade.
“Questiona-se se esta decisão teria o mesmo tratamento se o momento simbólico remetesse a outros tipos de ações de afirmação da UEFA, nomeadamente as de cariz comercial”, questiona a dirigente associativa.
O parlamento magiar aprovou uma lei contra a pedofilia que inclui a proibição de falar com menores sobre homossexualidade ou mudança de sexo, na escola e nos media.
A ILGA junta-se assim à enxurrada de críticas à UEFA pelo facto de esta recusar a proposta da câmara municipal de Munique de iluminar o estádio com essas cores em apoio à comunidade LGBT na Hungria.
Para esta decisão, a UEFA argumentou que é uma organização neutra e que iluminar o estádio enviaria uma mensagem política sobre uma decisão tomada pelo parlamento nacional húngaro.