O Algarve registava até domingo 32 surtos ativos de covid-19, a maioria com origem em contexto laboral, escolar e em festas, sendo nas escolas onde se confirmaram mais casos, indica um documento a que a Lusa teve hoje acesso.
Segundo o documento das autoridades regionais de saúde, as escolas totalizavam oito surtos ativos, que permitiram identificar 88 casos de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, a maioria dos quais na Escola Básica do 2.º e 3.º ciclos Padre Cabanita, em Loulé (29 casos), e na Escola Básica do 1.º ciclo e Jardim de Infância do Areal Gordo, em Faro (21).
Em contexto laboral foram contabilizados 10 surtos ativos, quatro dos quais em hotéis, tendo sido registados até domingo um total de 50 casos confirmados de covid-19 em empresas em Albufeira, Loulé, Portimão, Lagos, Olhão e Tavira.
As festas e convívios sociais no Algarve originaram cinco surtos de covid-19, com 51 infetados, 10 dos quais num convívio na Ilha da Culatra, em Faro, havendo ainda surtos originados em convívios em restaurantes em Loulé, Olhão e Lagos.
Na segunda-feira, mais de 1.300 alunos de 52 turmas dos cinco municípios do Algarve onde as aulas presenciais foram suspensas estavam em isolamento, segundo disse à Lusa a delegada de Saúde do Algarve, Ana Cristina Guerreiro.
A decisão da passagem ao ensino não presencial, até ao final do ano letivo, nas escolas do 1.º e 2.º ciclos dos municípios do Algarve Central – Faro, Loulé, Albufeira, Olhão e São Brás de Alportel -, foi anunciada no domingo ao final da tarde, devido à “gravidade da situação” epidemiológica.
Em contexto familiar estavam identificados quatro surtos, com 27 infetados, e em lares e estruturas residenciais para idosos um surto, no lar da Torre Natal, em Faro, que contabilizava 20 casos e uma morte, de uma idosa de 92 anos.
Ao nível do desporto federado havia dois surtos, na equipa de hóquei de Boliqueime (dois casos) e numa equipa de basquetebol de Olhão (cinco).
Em creches estava identificado apenas um surto, com dois casos, num infantário em Monte Gordo (Vila Real de Santo António). Os 32 surtos tinham provocado, até domingo, um óbito e dois internamentos.
A região do Algarve é a que apresenta o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 mais elevado no país, com 1,3, segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) na sexta-feira.
A nível nacional, desde 14 até 20 de junho, observou-se uma redução do Rt de 1,20 para 1,1, o que também se registou em Lisboa e Vale do Tejo, mas no Algarve observou-se “um aumento acentuado” do índice de transmissibilidade, que passou de 1,07, em 27 de maio, para 1,4, em 14 de junho (0,33 em 19 dias).
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.925.816 mortos no mundo, resultantes de mais de 181 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 17.092 pessoas e foram confirmados 877.195 casos de infeção, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.