O interrogatório do empresário Luís Filipe Vieira, presidente do Benfica que suspendeu funções, está ainda a decorrer, prevendo-se que “o dia será longo”, disse hoje o advogado Castanheira das Neves, representante de José António dos Santos.
“O interrogatório do senhor Luís Filipe Vieira começou à hora estipulada, como aliás é norma neste tribunal, e, portanto, está ainda a decorrer”, começou por dizer o advogado aos jornalistas, à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal, em Lisboa.
Castanheira das Neves admitiu que, caso a audição de Luís Filipe Vieira termine antes da hora de almoço, “é provável que, no início da tarde, o Ministério Público (MP) faça a promoção das medidas coativas”, seguindo-se uma fase em que os advogados dos arguidos “podem pronunciar-se sobre a promoção do MP”, desconhecendo a duração.
“Vai depender da promoção do MP. Depois, temos de aguardar que o senhor juiz escreva a decisão e a anuncie”, explicou, acrescentando que, face aos 80 anos do seu constituinte, conhecido como “o rei dos frangos, “a idade é um dos fatores que o tribunal pode e deve tomar em consideração, na apreciação das medidas coativas”.
Vieira e os outros três detidos no processo chegaram ao tribunal às 09:03, depois de pernoitarem pela terceira vez consecutiva nas instalações do Comando Metropolitano da PSP de Lisboa, em Moscavide.
Luís Filipe Vieira, de 72 anos, é a última das quatro pessoas detidas no âmbito da investigação ‘Cartão Vermelho’ a ser ouvida pelo juiz Carlos Alexandre, antes da aplicação das medidas de coação.
Na sexta-feira, o empresário José António dos Santos foi o primeiro a prestar declarações, durante a manhã, seguindo-se, da parte da tarde, os interrogatórios de Bruno Macedo e de Tiago Vieira, filho de Luís Filipe Vieira.
Também na sexta-feira, Luís Filipe Vieira comunicou a suspensão do exercício de funções como presidente do Benfica – nas quais foi substituído por Rui Costa -, por intermédio do seu advogado, à porta do TCIC.
Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), os quatro detidos são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.
Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente” e suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.
Para esta investigação foram cumpridos cerca de 44 mandados de busca a sociedades, residências, escritórios de advogados e uma instituição bancária em Lisboa, Torres Vedras e Braga. Um dos locais onde decorreram buscas foi a SAD do Benfica que, em comunicado, adiantou que não foi constituída arguida.