O malogrado guarda-redes Robert Enke, que se suicidou na terça-feira, perto de Hannover, sofria de “graves depressões” e ultimamente recusou tratar-se, disse hoje o seu médico assistente, Valentin Markser, em conferência de imprensa na capital da Baixa-Saxónia.
No próprio dia em que pôs termo à vida, Enke falou ao telefone com o médico, e recusou continuar os tratamentos.
Na sua carta de despedida, apresentou desculpas aos familiares e aos médicos que o assistiram por lhes ter ocultado deliberadamente a sua desesperada situação e a vontade de se matar, disse o clínico.
Sua mulher Teresa Enke, disse na mesma ocasião que quando o ex-guarda-redes do Benfica tinha depressões, “era tudo muito difícil, faltava-lhe ânimo, não tinha esperança de se curar, e tinha medo que de o público soubesse”.
Após a morte de Lara, a filha do casal, há três anos, apenas com dois anos de idade, devido a uma mal-formação cardíaca, tinha também medo de ser internado e de perder a filha adoptiva, Leila, revelou a esposa de Enke, com voz trémula, mas firme.
“Tentei dar-lhe perspectivas e esperança, dizia-lhe que nem tudo era mau, que havia coisas belas na vida, mas infelizmente não resultou”, disse Teresa Enke.
“Pensámos que conseguiríamos, com amor mas às vezes o amor não basta”, disse a viúva de Robert Enke, cuja morte abalou o mundo do futebol e a Alemanha em geral.
“O futebol era tudo para ele”, acrescentou Teresa, lutando com as lágrimas na sala de imprensa do Hannover 96, derradeiro clube do marido.
Enke morreu numa passagem de nível em Neustadtam Ruebenberge, na localidade de Eilvese, a quatro quilómetros da sua casa, em Hannover.
Internacional germânico por oito vezes, Enke nasceu a 24 de Setembro de 1977, em Jena, na então República Democrática da Alemanha, e ao longo da sua carreira representou Carl Zeiss Jena, Borussia de Moenchengladbach, Benfica, FC Barcelona, Fenerbahçe, Tenerife e Hannover 96, no qual alinhava desde 2004.