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Tóquio-2020: Jorge Fonseca diz que «nasci para o ouro, não nasci para o bronze»

O judoca português Jorge Fonseca, bronze nos -100 kg de Tóquio-2020, disse hoje que nasceu «para o ouro» e não para o último lugar do pódio, após anos de preparação intensa para chegar ao primeiro lugar em Jogos Olímpicos.

Tóquio-2020: Jorge Fonseca diz que «nasci para o ouro, não nasci para o bronze»
Futebol 365

“Eu nasci para o ouro, não nasci para o bronze. Estou feliz, posso dizer isso. Infelizmente, não realizei o meu grande objetivo de ser campeão olímpico. Trabalhei imenso para o ouro, tudo o que foi preciso. [...] A cãibra [na mão] não me ajudou na meia-final, estraguei o combate. Foi um erro”, analisou, na zona mista do Nippon Budokan.

Jorge Fonseca conquistou o bronze na categoria de -100 kg dos Jogos Olímpicos Tóquio2020, ao bater o canadiano Shady Elnahas por waza-ari, alcançando a 25.ª medalha do deporto português em Jogos Olímpicos.

Depois de dois títulos mundiais, os primeiros da história do judo português, e uma medalha de bronze em Europeus, o atleta do Sporting, que no Rio2016 tinha sido 17.º, garantiu a sua primeira medalha olímpica, ao pontuar para waza-ari a 39 segundos do fim.

Antes, tinha perdido nas meias-finais com o coreano Cho Guham, depois de afastar o belga Tomo Nikiforov e o russo Niiaz Iliasov para chegar às ‘meias’.

As cãibras surgem, explicou, “com a ansiedade de querer conquistar algo” e quando se sente “muito nervoso”, e apesar de já ter trabalhado “com um psicólogo”, no momento “não dá para controlar”.

Para recomeçar para a disputa do bronze, a receita foi simples, contou. “O meu treinador deu-me na cabeça e disse-me que estava na hora de fazer uma coisa histórica. Viemos para conquistar, não para brincar”, atirou.

De resto, mencionou os dois títulos mundiais, em 2019 e 2021, como provas da ambição de chegar ao ouro, mas hoje “não correu bem”, tendo agora de “levantar a cabeça” e lutar por voltar a superar-se.

O resultado, ainda assim, é uma melhoria do 17.º lugar do Rio2016, quando estava a superar um cancro e fez “um tratamento acelerado”, trazendo-lhe “imenso” sofrimento.

“Viver os Jogos Olímpicos já vivi no Rio2016, não tive de fazer aquelas coisas como a Cerimónia de Abertura. Cheguei mais tarde para poder chegar concentrado no objetivo, que era chegar ao pódio”, garantiu.

No último combate, e depois de fazer ‘waza ari’, recebeu um segundo ‘shido’, e tinha de ‘queimar’ 26 segundos para assegurar a 25.ª medalha portuguesa em Jogos.

“Estou em desespero, acabei de cometer um erro. Naquele momento, não dá para controlar, a emoção é tão grande. Cada segundo vale ouro. Estava com medo de perder, já tinha dois castigos, e tenho uma grande guerra com aquele árbitro espanhol [Raúl Camacho], já me lixou a vida no Masters”, destacou.

Para chegar aqui na melhor condição física, só trabalhou “resistência e força”. “Eu tenho judo, sou explosivo, precisava de resistência para aguentar os combates todos”, acrescentou.

Tinha prometido, de forma bem humorada, que se vencesse dançaria um ‘pimba’, mas agora “não dá vontade”.

“Queria dançar pimba, mas com ouro no pescoço, tem uma graça diferente. Com bronze, a gente pode dançar uma kizomba, mas não quero dançar kizomba, quero dançar pimba. Vou dançar pimba em Paris2024”, prometeu.

Ao chegar como bicampeão mundial, não o espantou que os adversários o tivessem estudado, e “o combate com o russo foi prova disso”.

“Tentou bloquear o meu judo. Bloqueiam o meu judo ao não fazer judo. No primeiro título mundial, não sabia lidar com isso”, lembrou.

Portugal passou a contar quatro medalhas de ouro, oito de prata e 13 de bronze, três das quais no judo, por Telma Monteiro (-57 kg) no Rio2016, e Nuno Delgado (-81 kg) em Sydney2000, e, agora, Jorge Fonseca em Tóquio.

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