A rescisão do futebolista internacional português João Mário, campeão pelo Sporting em 2020/21, com o Inter Milão e posterior ida a custo zero para o rival Benfica sobressaiu nas semanas de mercado prévias ao arranque da I Liga.
O médio assinou por cinco épocas em 13 de julho, um dia após se ter desvinculado dos campeões italianos, que o tinham contratado aos ‘leões’ em 2016, a troco de 40 milhões de euros (ME), potenciado por Jorge Jesus, atual treinador das ‘águias’, em Alvalade.
O Benfica estaria disposto a pagar 7,5 ME pela contratação de João Mário, de 28 anos, que conquistou o Euro2016 pela seleção nacional, embora uma alegada cláusula de preferência a favor do Sporting pudesse obrigar o Inter Milão a indemnizar os ‘leões’.
A ‘novela’ promete durar nos tribunais, enquanto os clubes ultimam os plantéis para 2021/22, afetados pelos efeitos da pandemia de covid-19, que diminui a liquidez disponível, revê contratos em baixa e vai esfriando o tradicional frenesim de verão.
O Sporting tem resistido ao ‘assédio’ em torno de algumas figuras do 19.º título de campeão nacional e já acautelou ‘baixas’ nas alas, ao promover os regressos de Ricardo Esgaio (ex-Sporting de Braga) quatro anos depois, por 5,5 ME, e Rúben Vinagre (ex-Wolverhampton), emprestado com cláusula de compra obrigatória mediante objetivos.
Essas duas novidades foram anunciadas entre o fim de carreira de João Pereira, agora promovido a adjunto da equipa de sub-23, e o retorno de Antunes ao Paços de Ferreira, depois de os ‘leões’ já terem integrado o esquerdino Matheus Reis (ex-Rio Ave) a título definitivo e recrutado o ainda juvenil lateral direito Gonçalo Esteves ao rival FC Porto.
Se Eduardo Quaresma (Tondela) foi cedido numa perspetiva de adquirir experiência na I Liga, as vendas definitivas de Valentin Rosier (Besiktas) e Josip Misic (Dínamo Zagreb) significaram um encaixe conjunto de 7,5 ME, ao passo que outros ‘excedentários’, de Andraz Sporar a Rodrigo Battaglia, passando por Eduardo, aguardam por colocação.
Estabilidade e rigor orçamental também dominam o defeso do FC Porto, que oficializara em fevereiro o extremo brasileiro Pepê (ex-Grêmio) por 15 ME, tornando-se o quarto reforço mais caro da história do clube, atrás de Óliver Torres, Imbula e Hulk.
O médio internacional sérvio Marko Grujic chegou de novo por empréstimo do Liverpool, desta vez com opção de compra, enquanto o ‘raide’ pelo mercado nacional assentou no centrocampista Bruno Costa (ex-Paços de Ferreira), que foi recomprado um ano e meio depois por 2,5 ME, e no defesa Fábio Cardoso (ex-Santa Clara), avaliado em 2,2 ME.
Vítor Ferreira (ex-Wolverhampton) foi reintegrado no plantel principal e Tomás Esteves (ex-Reading) desceu à equipa B, num percurso oposto ao do dianteiro maliano Moussa Marega, referência nas últimas quatro épocas, de saída a custo zero para o Al Hilal
Malang Sarr (Chelsea) e Felipe Anderson (West Ham) viram expirados os respetivos empréstimos e Mamadou Loum (Alavés) saiu temporariamente do FC Porto, podendo Fernando Andrade, João Pedro, Ewerton e Nakajima seguir pisadas idênticas.
Já o Benfica, continua a ser o mais gastador entre ‘grandes’ e despendeu 24,5 ME pelo avançado ucraniano Roman Yaremchuk (ex-Gent, 17 ME), o médio franco-marfinense Soualiho Meité (ex-Torino, seis ME) e o ala Gil Dias (ex-Mónaco, 1,5 ME), bem acima do ingresso sem custos adicionais do dianteiro brasileiro Rodrigo Pinho (ex-Marítimo).
Longe do avultado investimento de 105 ME em 2020/21, as ‘águias’ procuram também reduzir uma extensa lista de ‘excedentários’, na certeza de que o antigo ‘capitão’ Jardel terminou em final de contrato 11 anos de ligação, ao passo que Pedro Pereira (Monza), Tiago Dantas (Tondela) e Nuno Santos (Paços de Ferreira) voltaram a ser cedidos.
A venda de Pedrinho (Shakhtar Donetsk) permitiu recuperar os 18 ME gastos no verão passado, encabeçando a lista de encaixes do Benfica em 2021/22, à frente de Nuno Tavares (Arsenal, oito ME), Franco Cervi (Celta de Vigo, 4,5 ME), Caio Lucas (Sharjah, dois), Filip Krovinovic (Hajduk Split, 1,5) e Alfa Semedo (Vitória de Guimarães, 1,5).
Pendentes estão Carlos Vinícius, Gabriel, Florentino Luís, Gedson ou Ferro, entre outros, numa altura em que os ‘encarnados’ lutam pelo acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões, na qual já estão Sporting e FC Porto. O Braga estará na Liga Europa.
Com Nico Gaitán desvinculado, os minhotos recuperaram Fabiano (ex-Académica) e Fábio Martins (ex-Al Shabab) e foram buscar Paulo Oliveira (ex-Eibar), Tiago Esgaio (Belenenses SAD), Mario González (ex-Villarreal) e Lucas Mineiro (ex-Gil Vicente).
Os gilistas foram o clube mais ativo à entrada para o último mês de mercado, seguidos pelo recém-promovido Vizela e por Marítimo, em contraponto com a abordagem mais cirúrgica de Vitória de Guimarães, Boavista ou Famalicão em relação ao verão de 2020.
Os famalicenses protagonizaram o negócio mais insólito, com o defesa internacional português Bruno Alves, campeão no Euro2016 e desvinculado do Parma, a rescindir amigavelmente menos de três semanas depois de ter assinado por duas temporadas.
Perante uma I Liga de orçamentos díspares, o médio internacional brasileiro Sandro foi reforço sonante no Belenenses SAD, enquanto o Boavista rescindiu com o defesa Adil Rami, campeão mundial por França, sendo o único clube impedido de inscrever atletas.