Cabo Verde importou o equivalente a 190 mil euros por dia em combustíveis nos primeiros seis meses do ano, mais 5% face às compras no mesmo período de 2021, então afetadas pela crise provocada pela pandemia de covid-19.
De acordo com dados do Banco de Cabo Verde (BCV) compilados hoje pela Lusa sobre as importações nacionais, o país comprou ao exterior, de janeiro a junho deste ano, pouco mais de 3.820 milhões de escudos (34,8 milhões de euros) em combustíveis de vários tipos.
Trata-se de um aumento de 5,3% face ao primeiro semestre de 2020, em que Cabo Verde importou cerca de 3.627 milhões de escudos (33 milhões de euros).
Em média, Cabo Verde passou do equivalente a 180 mil euros diários de combustíveis importados de janeiro a junho de 2020, para 190 mil euros este ano.
Em todo o ano de 2020, o país comprou ao exterior pouco mais de 6.793 milhões de escudos (61 milhões de euros) em combustíveis de vários tipos, contra os 9.164 milhões de escudos (82,3 milhões de euros) em 2019.
De 2019 para 2020, com a economia a crescer mais de 5%, a importação de combustíveis por Cabo Verde aumentou mais de 1%.
Contudo, essa importação de combustíveis caiu para o equivalente a 166 mil euros por dia em 2020, face aos impactos da crise económica sentidos a partir de abril.
Os dois meses de estado de emergência, em abril e maio de 2020, com confinamento generalizado da população e restrições à circulação, e o encerramento do arquipélago a voos internacionais de março a outubro, para conter a transmissão da pandemia de covid-19, explicam a quebra de 26% nestas importações no espaço de um ano.
Comentando anteriormente a situação económica do arquipélago, o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia, afirmou que, apesar de acreditar que a introdução da vacinação contra a covid-19 nos mercados emissores de turistas para Cabo Verde transmita “confiança” aos consumidores, a retoma económica será “muito lenta ainda em 2021”.
Cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde depende do turismo, mas o setor está praticamente parado desde meados de março de 2020, com o início da aplicação das medidas restritivas para travar a transmissão da pandemia de covid-19, com o encerramento do arquipélago a ligações aéreas internacionais, que só foram retomadas em outubro.
A quebra nas receitas fiscais com o turismo, bem como o aumento das despesas do Estado com apoios sociais, às empresas e no reforço da saúde, para travar a pandemia, provocaram uma recessão económica de 14,8% em 2020, admitindo o Governo um crescimento acima de 3% do PIB em 2021, dependente da retoma do turismo.