Marcelo Rebelo de Sousa disse hoje que a rotura de um tendão sofrida por Ricardinho antes do Campeonato do Mundo de futsal, que viria a ser conquistado por Portugal, foi discutida «como um problema nacional».
O Presidente da República condecorou hoje a comitiva da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) que se sagrou campeã do mundo no domingo e fez questão de fazer uma referência ao capitão, destacando a resiliência do jogador, que, a seis meses do campeonato, sofreu uma rotura do tendão longo ao serviço do seu clube, o ACCS Paris.
“É evidente que o Pany também merece uma referência, todos merecem uma referência, mas o Ricardinho merece porque já estava na história e decidiu fazer uma última vez história. Já tinha ganho tantas vezes o lugar de melhor do mundo, que a carreira estava feita. E o tendão não ajudava. E todos nós passámos a discutir o tendão do Ricardinho como um problema nacional”, afirmou o chefe de Estado português.
A dúvida sobre se “ia recuperar, não ia”, ou se “seis meses chega, não chega” e se “consegue dar a volta ou não” pairou sobre o capitão da seleção, mas Marcelo lembrou que “ele é muito teimoso” e não iria “perder esse momento” de consagração de Portugal.
“De facto, não perdeu esse momento. Já estava na história, veio fazer um bocadinho mais de história. Na mesma que já é nossa também, desde a vitória na Europa, e agora com a vitória no mundo. Para ele vai um abraço especial que não é de despedida. Ele continua presente, porque esse é outro espírito fundamental da FPF e desta equipa que trabalhou ao longo destes anos. Ninguém é esquecido, ninguém é deitado fora, todos continuam presentes”, destacou Marcelo Rebelo de Sousa.
Antes, já o presidente da FPF tinha também usado o exemplo e a mentalidade de Ricardinho para introduzir as palavras com que destacou “um grupo unido e inspirador", que "sorriu nas horas do golo e se uniu nos momentos mais sofridos”.
“O Ricardo [Ricardinho] teve a pior lesão que um futebolista pode ter. E quando o corpo faltou, a mente sobrou. E foi essa mente brilhante, essa ideia permanente de que era capaz, que o levou a uma luta solitária e o fez acreditar que era possível recuperar. É o melhor jogador de futsal da história. E é nosso, continuará nosso e lutará sempre por Portugal”, elogiou Fernando Gomes.
Mas, apesar dos elogios, Ricardinho pediu a Marcelo Rebelo de Sousa permissão para que, no momento da homenagem presidencial, dedicasse as suas palavras aos seus companheiros de equipa, enquanto tentava não se emocionar.
“Obrigado por tudo o que dão ao nosso país. É um orgulho ser o vosso porta-voz, o vosso capitão. Só quero dizer que se sintam orgulhosamente portugueses, porque vocês conquistaram o mundo. Para mim, escrevemos com letras douradas o nome de Portugal na página mais bonita do livro do futsal. Vocês são históricos”, exultou Ricardinho.
Marcelo Rebelo de Sousa condecorou hoje com a Ordem de Mérito do Infante Dom Henrique, no grau de comendador, toda a comitiva da FPF que conquistou o título mundial de futsal.
A seleção portuguesa de futsal sagrou-se no domingo pela primeira vez campeã mundial, ao vencer por 2-1 a Argentina, que detinha o título, na final do Campeonato do Mundo de 2021, disputada em Kaunas, na Lituânia.
Portugal chegou a deter uma vantagem de dois golos, graças ao 'bis' de Pany Varela, aos 15 e 28 minutos, mas a seleção sul-americana, que defendia o título mundial conquistado em 2016, na Colômbia, reduziu por Claudino, aos 28, e manteve a incerteza até ao fim.
Portugal, que tinha como melhor resultado de sempre na competição o terceiro lugar alcançado em 2000, na Guatemala, tornou-se o quarto país a erguer o troféu, depois de Brasil, Espanha e Argentina, juntando o título mundial ao europeu, que conquistou, também pela primeira vez, em 2018, na Eslovénia.