A ModaLisboa regressa esta semana para a 57.ª edição, com a apresentação das coleções de 34 ‘designers’ de moda a voltarem a acontecer com a presença de público, depois de uma edição totalmente digital em março.
Entre quinta-feira e domingo, na Estufa Fria, no Capitólio, mas também em formato exclusivamente digital, serão 21 as apresentações de marcas e criadores nacionais, sem estação associada, à semelhança das edições anteriores.
A diretora da ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, em declarações à Lusa, recordou que esta será “a quarta edição ‘tailor made’ [‘feita à medida’, em português]” da semana da moda de Lisboa, “em função do que são as restrições relativas à covid-19”.
“Nunca poderíamos estar a fazer agora uma ModaLisboa que fosse aquilo que é o passado ou que já fosse definitivo para o futuro. Estamos a fazer um modelo que encaixa neste momento, que fazia sentido para nós neste momento”, afirmou a responsável.
A 54.ª edição decorreu no início de março de 2020, quando já tinham sido confirmados os dois primeiros casos de infeção pelo novo coronavírus em Portugal e poucos dias antes de ser decretado o estado de emergência devido à pandemia da covid-19. Nas antigas Oficinas Gerais de Fardamento e Equipamento, no Campo de Santa Clara, a organização criou uma sala de isolamento e foram espalhados pelo recinto vários frascos de ‘álcool gel’.
Em outubro do ano passado, já com o país a viver um primeiro ‘desconfinamento’, a 55.ª edição aconteceu “totalmente ao ar livre”, no Parque Eduardo VII e com assistência muito reduzida, bastidores mais amplos e uma forte presença digital.
Em abril deste ano, a 56.ª edição, inicialmente prevista para março e adiada por indicação da Direção-Geral da Saúde, acabou por ser “integralmente digital”.
A 57.ª edição, que arranca na quinta-feira, contará “já com presença de público, na ordem das 180/200 pessoas [por desfile]” e algumas apresentações exclusivamente digitais, “por opção dos ‘designers’”.
“Nós vamos fazer presencial, mas continuaremos a ter uma programação ‘online’. E mesmo que no futuro se cresça na parte presencial, penso que iremos sempre ter programação ‘online’”, afirmou Eduarda Abbondanza.
Entre as marcas e criadores que apresentam coleções nesta edição estão Luís Buchinho, Nuno Gama, Constança Entrudo, Carlos Gil, Ricardo Preto, Buzinha, Gonçalo Peixoto, Luís Carvalho, Nuno Baltazar, Cravo Studios, Béhen e Fora de Jogo.
Além disso, serão também apresentadas as coleções dos dez participantes do Sangue Novo, concurso destinado a finalistas de cursos superiores de Design de Moda de escolas nacionais e internacionais e jovens ‘designers’ em início de carreira.
Amor de la Calle, Anvi, Carolina Costa, Filipe Cerejo, Ivan Hunga Garcia, Maria Clara, Maria Curado, Reimão, Sousa e Veehana irão competir por cinco lugares para a final do concurso, a decorrer em março de 2022.
Os cinco finalistas irão receber, cada um, um apoio de mil euros para confecionar uma nova coleção, a ser apresentada na 58.ª edição da ModaLisboa, na qual se conhecerão os vencedores desta edição do Sangue Novo.
Além dos desfiles, a ModaLisboa inclui uma programação paralela, que inclui “conversas e ‘workshops’ exclusivamente presenciais, sem ‘livestream’, e outras exclusivamente digitais, formativas e abertas a todos”, cujo calendário e mais informações podem ser consultados ‘online’.
Eduarda Abbondanza não faz previsões quanto ao futuro: “Vamos ver”.
“Iremos sempre responder dentro do que são desafios e perceção das coisas, sabendo que no futuro esperamos fazer coisas novas, mas precisamos de entender o mundo. Nós trabalhamos muito com a cidade e precisamos de entender esta nova cidade também. Neste tempo todo a cidade mudou muito, e nós precisamos de entender a cidade, porque a relação com a cidade sempre foi determinante para [o projeto ModaLisboa]”, disse.
A ModaLisboa, organizada pela Associação ModaLisboa em pareceria com a Câmara Municipal de Lisboa, comemora trinta anos este ano.
A primeira edição aconteceu em abril de 1991 no Teatro São Luiz. Nessa altura, 13 criadores apresentaram coleções para o inverno de 1991/92.
Ao longo destes 30 anos, o evento realizou-se mos mais variados espaços da capital, do Mercado da Ribeira ao Pátio da Galé, passando pelo Pavilhão Carlos Lopes, a Estufa Fria ou o Museu da Cidade, e chegou a realizar-se em Cascais e, no mesmo concelho, no Estoril.