A Pfizer disse na sexta-feira que o seu medicamento antiviral experimental contra a covid-19 reduz em cerca de 90% o risco de hospitalização ou morte em pacientes com comorbilidades.
A farmacêutica anunciou que vai pedir à agência do medicamento norte-americana (FDA na sigla em inglês) e aos reguladores internacionais que autorizem a utilização do seu medicamento o mais rapidamente possível.
Após o pedido de autorização, a FDA poderá tomar uma decisão em semanas ou meses, segundo refere a agência Associated Press (AP).
Esta quinta-feira o Reino Unido tornou-se o primeiro país do mundo a emitir uma autorização de uso condicional de um comprimido antiviral contra a covid-19 desenvolvido pela farmacêutica Merk, que estará disponível para os maiores de 18 anos.
O comprimido da Merk já está a ser analisado pela FDA, depois de resultados iniciais animadores.
A luta contra a pandemia tem estado baseada sobretudo na vacinação, mas desde o início que investigadores de todo o mundo têm procurado encontrar um comprimido contra a covid-19 que permita aliviar os sintomas, acelerar a recuperação e evitar hospitalizações ou desfechos fatais.
A existência de comprimidos antivirais que permitam tratar a covid-19 de forma precoce “seria um avanço muito importante”, considerou John Mellors, responsável pelo departamento de doenças infecciosas da Universidade de Pittsburgh, que não participou no estudo da Pfizer e que foi monitorizado por um painel independente de especialistas.
“Se alguém desenvolvesse sintomas e testasse positivo poderíamos ir à farmácia aviar uma receita como fazemos para tantas outras doenças infecciosas”, referiu.
Hoje a Pfizer divulgou os resultados preliminares do seu estudo com o novo medicamente antiviral que envolveu 775 adultos.
Os pacientes que receberem o medicamento da Pfizer em conjugação com outro antiviral logo após manifestarem sintomas da doença, registaram uma redução e 89% na taxa de hospitalizações ou morte após um mês, por comparação com o grupo de pacientes que tomou placebo.
Menos de 1% dos pacientes que tomaram o medicamento precisou de ser internado e nenhum morreu. No grupo e comparação, 7% das pessoas foram hospitalizadas e sete morreram.
“Tínhamos esperança de ter algo extraordinário, mas é raro ver grandes medicamentos surgirem com quase 90% de eficácia e 100% de proteção contra a morte”, disse, em entrevista, Micael Dolsten, diretor científico da Pfizer.
Os participantes neste estudo não foram vacinados, apresentavam sintomas e covid-19 leves a moderados, e foram considerados de risco elevado em termos de internamento devido aos problemas de saúde que apresentavam como obesidade, diabetes ou doenças cardíacas.
A Pfizer não adiantou muitos detalhes sobre efeitos adversos, tendo referido que as taxas de reações eram semelhantes entre os grupos, em cerca de 20%.
Um grupo independente de especialistas, que monitorizou o estudo, aconselhou que este fosse interrompido mais cedo devido ao facto de o padrão de resultados provisórios revelar uma taxa de benefício tão elevada.
Os dados não foram ainda publicados numa revista científica, um dos passos necessários no processo de verificação de um novo medicamento.