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CAN-2021: António Conceição pede organização para melhorar futebol dos Camarões

A seleção dos Camarões requer “maior organização e planeamento” para construir uma “equipa competitiva e forte”, a fim de atingir um “patamar de excelência” no futebol africano, reconhece o treinador português António Conceição.

CAN-2021: António Conceição pede organização para melhorar futebol dos Camarões
Futebol 365

“A nível de resultados, temos uma boa performance. Por outro lado, queremos aportar uma visão diferente, através da nossa experiência, organização e rigor. É uma luta que temos de ter diariamente com as pessoas, fazendo senti-las que há que trabalhar muito esses fatores para termos sucesso”, frisou à agência Lusa o selecionador, de 60 anos.

Contratado em setembro de 2019 para substituir o holandês Clarence Seedorf, António Conceição foi efetuando uma “grande renovação” nos ‘leões indomáveis’, apostando em jogadores de “muito potencial individual”, através de um “trabalho invisível de vontades”.

“É uma seleção com uma matriz ganhadora e de sucesso e é bom que não se perca isso. Contudo, se não investirem nesses fatores todos e redimensionarem o futebol jovem e as seleções jovens, obviamente, qualquer seleção para no tempo. Parece que aconteceu um pouco isso aos Camarões, vivendo do seu passado e história. Agora, a exigência das pessoas vai sendo diária: ganhar, ganhar e ganhar”, insistiu o treinador natural de Braga.

Ciente dessa necessidade está o ex-avançado Samuel Eto'o, que assumiu a liderança da Federação Camaronesa de Futebol entre a qualificação para os ‘play-off’ de acesso ao Mundial2022, ‘selada’ em novembro de 2021, e a Taça das Nações Africanas (CAN) de 2021, cuja 33.ª edição será disputada nos Camarões, de domingo a 06 de fevereiro.

“Pela experiência que tem no futebol, acho que pode aportar coisas diferentes, porque sabe aquilo que os Camarões necessitam. Vamos aguardar, até porque entrou há muito pouco tempo. Depois da CAN, com certeza vai começar a apresentar ideias, porque é preciso uma melhoria substancial no trabalho de base e nos campeonatos internos. Por aquilo que falei com ele, penso que está consciente de que esse é o caminho”, contou.

António Conceição, que em agosto renovou contrato até 2023, acredita que o “renovado espírito” de balneário funciona como um “bom prenúncio” para os desafios em 2022, ano marcado pelo Mundial do Qatar, cujos ‘play-off’ africanos serão sorteados em 26 de janeiro.

“Valorizaram dois anos de empenho e profissionalismo. Fazemos relatórios constantes para a federação e para o Ministério dos Desportos, de forma a perceberem o nosso trabalho. Valorizaram também uma mudança comportamental, sentindo que a seleção está com outra dinâmica e respeito, algo que melhora a sua imagem. Depois, notaram alguma melhoria em termos desportivos, mesmo não sendo muito acentuada”, analisou.

Nove vitórias, cinco empates e duas derrotas resumem a experiência do técnico, de 60 anos, à frente de uma das seleções africanas mais conceituadas, que venceu a CAN por cinco vezes (1984, 1988, 2000, 2002 e 2017) e almeja a oitava presença em Mundiais.

“Esta experiência faz-me reportar aos tempos de selecionador distrital da Associação de Futebol de Braga. Há um paralelismo no trabalho de observação, análise e filtragem de jogadores e de construção de equipas para apresentar o melhor ‘onze’. Diferente é a falta de treino diário. A componente motivacional é importantíssima e, com tão pouco tempo nas ‘datas FIFA’, tentamos que os atletas percebam aquilo que queremos”, explicou.

Repetindo as pisadas de Artur Jorge, que levou os Camarões aos ‘quartos’ da CAN2006, António Conceição deseja um reformulado calendário de jogos de seleções, almejando que os jogadores “venham com mais disponibilidade, mas sem prejudicarem os clubes”.

“Os clubes fazem grandes queixas, porque os atletas passam fora algumas semanas em momentos cruciais da época. Estes problemas têm de ser abordados com frontalidade e coerência, já que os selecionadores acham que não têm tempo para trabalhar e é uma realidade. Já apanhei jogadores quase na véspera de um jogo e, dias depois, estamos a competir de novo. Como é que os preparamos? Temos de ter criatividade e adaptação”, notou o técnico, que já trabalhou em clubes portugueses, romenos, sauditas e cipriotas.

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