O ex-director de futebol do Sporting Sá Pinto acusou hoje o futebolista Liedson de ''falta de consideração com o clube, falta de solidariedade com a equipa e falta de respeito'' com a sua pessoa.
Esta acusação de Sá Pinto foi proferida num hotel de Lisboa, no âmbito de uma declaração na qual procura justificar o grave incidente que protagonizou com Liedson durante e após o jogo com o Mafra, para a Taça de Portugal, na quarta-feira passada.
''O comportamento inaceitável do jogador redundou no desfecho conhecido, tendo eu reagido em defesa própria, após ofensa à minha integridade física e imagem'', disse Sá Pinto, lendo o documento, no qual reconhece a qualidade e a importância de Liedson para o Sporting, mas aconselha-o a ''rever e rectificar a sua postura enquanto jogador profissional''.
Em relação aos acontecimentos, Sá Pinto desmente as versões que vieram a público e garante que Liedson se dirigiu ''de forma incorrecta'' à massa associativa e que afirmou que ''não voltaria a saudar os adeptos juntamente com os colegas no final dos jogos''.
Nesse momento, segundo o ex-director do futebol, perante a observação deste, que não especificou qual, Liedson ''reagiu de forma insultuosa e com comportamento absolutamente inaceitável''.
Nega a versão segundo a qual teria feito algum comentário menos abonatório à prestação de Rui Patrício e que Liedson tenha vindo em defesa do seu colega.
''Estive e estou sempre, incondicionalmente, ao lado dos atletas, independentemente da sua prestação desportiva'', referiu Sá Pinto, revelando que a sua relação com Liedson ''era excelente'' e que este contou sempre com o seu ''apoio pessoal e profissional'', razão pela qual ''nada fazia prever o incidente'' entre ambos.
Independentemente desse apoio aos atletas, Sá Pinto lembrou que cabe ao director do futebol ''promover o respeito pela instituição e pela massa associativa'', voltando a aludir à noite do incidente.
Segundo ele, face à indisponibilidade do presidente, a equipa técnica e outros dirigentes que não identificou ''decidiram por consenso chamar a atenção a Liedson pelo seu comportamento anómalo'', tendo Sá Pinto ficado incumbido dessa tarefa.
Este assegura não guardar ''nem mágoa nem rancor'' a Liedson e pede à massa associativa que, apesar dos factos que relata, ''apoie e incentive'' o ''levezinho''.
''Uma sociedade desportiva tem de proteger os seus activos, mas não deve nem pode prescindir de um conjunto de princípios e valores que são parte integrante da história e da grandeza do Sporting'', referiu o ex-director para o futebol, o qual lamenta ainda a ''fuga de informações'' no interior do clube.
Para Sá Pinto, uma ''instituição não se deve expor desta forma para o exterior, sob pena de se ver fragilizada''.
No final da sua exposição, acabou por reconhecer a sua quota-parte de responsabilidade no incidente: ''Apesar da conduta surpreendente do atleta, eu não podia ter reagido da forma que reagi, mas a emoção falou mais alto do que a razão e por isso peço desculpa ao clube, aos dirigentes, equipa técnica, jogadores e sócios''.
Sá Pinto sintetizou os seus setenta dias como director para o futebol como ''um ciclo positivo e enriquecedor'', no qual exerceu as funções ''com entrega e disponibilidade totais''.
''Eram 24 horas passadas na Academia a resolver os inúmeros dossiers pendentes, a apoiar constantemente os atletas e a equipa técnica'', confessou, dando ênfase às seis vitórias consecutivas, ao momento de ascensão da equipa, à subida do sétimo para o quarto lugar na Liga, à passagem aos oitavos-de-final da Liga Europa como primeiro classificado, às duas eliminatórias superadas da Taça de Portugal e à liderança do respectivo grupo da Taça da Liga.
Finalizou a sua intervenção, pedindo à massa associativa, ''a melhor do mundo'', que continue a apoiar a equipa ''de forma incondicional, sobretudo quando as coisas não estiverem a correr da melhor forma'' e revelou que ''estará sempre disponível para servir o clube do seu coração''.