O despacho de acusação do processo dos incidentes no túnel da Luz comprova as agressões dos jogadores do FC Porto Sapunaru e Hulk e responsabiliza os assistentes do Benfica de provocação verbal, após jogo da 14.ª jornada da Liga de futebol.
O documento a que a agência Lusa teve acesso sublinha que ''os assistentes de recinto desportivo ao serviço da SL Benfica SAD adoptaram conduta provocatória que contribuiu para a desordem e os confrontos físicos verificados no túnel após o jogo'', sabendo que essa conduta era proibida e passível de punição.
A agitação levou a que alguns jogadores da FC Porto SAD que já estavam dentro do balneário ''voltaram ao túnel'', tendo o instrutor do processo concluído que ''Hulk aproximou-se (...) do 'steward' Sandro Correia e tentou agredi-lo com um soco''.
''O 'steward Sandro Correia conseguiu esquivar-se desse soco, interpondo-se, entretanto, entre ele e Hulk, outro 'steward''', lê-se no documento, acrescentando que o jogador brasileiro do FC Porto ''tentou de imediato agredir novamente o referido Sandro com mais dois socos e desferiu ainda um pontapé com a perna esquerda''.
O golpe atingiu o assistente de segurança ''lateralmente, na zona da cintura'', comprovado com a marca de lama deixada pela bota do jogador ''no casaco que aquele usava por baixo da sobreveste''.
Depois, ''Sapunaru avançou também'' sobre o ''steward'' e ''desferiu, com a mão esquerda, um soco'' que atingiu o assistente, ''com violência, na testa'', provocando ''ferida aberta na testa''.
''Em acto contínuo, Sapunaru deu um salto e, no ar, desferiu um pontapé com a perna direita, de frente para o 'steward' Sandro Correia, atingindo-o de raspão na zona abdominal'', escreve o relator do despacho de acusação, mencionando erradamente que o jogador se sentou ''no banco de suplentes da equipa da SC Braga SAD''.
O jogador do FC Porto, a quem é apontada a ''circunstância atenuante da conduta de Sapunaru a provocação verbal que lhe foi dirigida pelos 'stewards''', é ainda indiciado de ter desferido ''um soco nas costas'' ao ''steward'' Ricardo Silva.
No entanto, o relator nota a agravante do ''carácter reiterado dos actos ofensivos da integridade física'' perpetrados por Sapunaru sobre Sandro Correia, ''bem como as respectivas consequências, nomeadamente a ferida aberta na testa provocada a esse 'steward'''.
A mesma atenuante da provocação dos assistentes é considerada no caso de Hulk, à qual é também levada em conta ''o facto de os 'stewards' terem usado os braços para tentar conduzir este arguido, bem como outros agentes da FC Porto SAD, para o balneário''.
À semelhança de Sapunaru, Hulk também arrisca uma suspensão de seis meses a três anos e a uma multa pecuniária de 2500 a 7500 euros, mas o despacho de acusação lembra que o brasileiro ''tem averbada no respectivo registo displinar da presente época desportiva a prática da infracção disciplinar, já transitada em julgado''.
Por isso, Hulk é ''considerado reincidente'', uma circunstância ''agravante'', pelo que o relator conclui no despacho que ''a infracção por que agora vai acusado é mais grave do que a anterior'', ao que acresce a ''intensidade do dolo'' e as ''tentativas de agressão a soco que precederam a agressão a pontapé''.
Conclui o relator do processo, Renato Dias dos Santos, que o Benfica, acusado de não ter assegurado ''a ordem e disciplina no interior do túnel'', incorrendo numa multa de 250 a 2500 euros, contribuiu para que ''os 'stewards' provocassem verbalmente jogadores e 'staff' do FC Porto e se gerasse desordem e confronto físico''.
No despacho relata-se que os ''stewards'' que formaram um cordão humano no túnel ''começaram também a dirigir provocações verbais aos jogadores e membros do 'staff' da FC Porto SAD presentes no local, designadamente Fernando Oliveira [responsável pela segurança do clube portista], Hulk e Sapunaru, enquanto colocavam as mãos nos aludidos elementos da FC Porto SAD no sentido de conduzi-los para o balneário da equipa''.