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Liga realça benefícios da centralização dos direitos para indústria do futebol

A centralização dos direitos televisivos é vantajosa para o conjunto do futebol português, sendo uma oportunidade para melhorar a indústria e equilibrar as contas dos clubes, destacou hoje Rui Caeiro, diretor executivo da Liga Portuguesa de Futebol Profissional.

Liga realça benefícios da centralização dos direitos para indústria do futebol
Futebol 365

"Este é um caminho que os clubes querem traçar. É uma oportunidade de melhoria para a indústria e para o futebol português. Se o ecossistema do futebol português evoluir, vai beneficiar todo o universo que gira em torno do nosso negócio", lançou o responsável durante um seminário 'online' promovido pela Liga de clubes.

A Cimeira de presidentes dos clubes das competições profissionais acordou, na terça-feira, a centralização dos direitos televisivos "no mais curto espaço de tempo possível", apontando a época de 2023/24, face a um prazo máximo de conclusão, definido por lei, colocado em 2028.

"Foi unânime na Cimeira de presidentes a vontade de antecipar estas datas. Na Liga, estamos firmemente empenhados nesta matéria e, se possível, em tentar antecipar as datas. Para tal, é necessário envolver todos os 'players' [partes envolvidas]. A centralização vai trazer mais valias para os grandes, os médios e os pequenos clubes. É fundamental construir estes novos modelos para um futuro mais equilibrado", sublinhou Rui Caeiro.

Por seu turno, Miguel Farinha, 'partner' da EY, consultora que lançou recentemente o Anuário do Futebol, salientou o baixo peso (5%) das receitas televisivas provenientes do exterior no futebol português, manifestando o seu otimismo perante o avanço da centralização dos direitos.

"Se vendermos os direitos televisivos da Liga portuguesa em bloco vamos receber muito mais. A centralização vai aumentar as receitas", vincou Miguel Farinha durante o debate.

Na temporada de 2020/21, os direitos televisivos renderam cerca de 200 milhões de euros, o valor mais alto de sempre, segundo os cálculos da EY, que estima um crescimento de, pelo menos, 50% com a centralização, ou seja, 300 milhões de euros.

Cláudio Couto, administrador do Sporting de Braga, que também participou na iniciativa, antecipou que a maior vantagem da centralização passa por "potenciar mercados" que estão 'adormecidos'.

"Temos pouca penetração no estrangeiro. A rentabilidade que temos da comercialização internacional é baixíssima e temos que aumentar essas receitas. Para isso, temos que tornar o espetáculo mais apetecível", afirmou o dirigente, acrescentando que "este caminho vai permitir alavancar receitas que vão beneficiar todos os clubes".

O responsável apontou para a necessidade de haver uma "distribuição mais equitativa" das receitas televisivas, frisando que "todos os clubes são importantes em Portugal, porque os clubes não jogam sozinhos".

E acrescentou: "Centralizados podemos ter uma força negocial muito maior e chegar a mercados que ainda não foram explorados."

De resto, Rui Caeiro revelou que a Liga quer alargar a centralização a outras áreas essenciais à vida dos clubes, como por exemplo o financiamento, manifestando a sua preocupação face ao passivo superior a 1.500 milhões de euros dos clubes profissionais.

"Há um conjunto de ativos que podem começar a ser, a partir de agora, centralizados. Não são só os direitos televisivos. Há outros ativos dos clubes, como o financiamento, em que a centralização pode conseguir melhores condições para todos. É por aí que queremos ir, procurando fazê-lo de forma centralizada", rematou.

No debate foram ainda abordados outros temas, como a questão fiscal, com os 23% taxados na bilhética considerados demasiado altos pelos participantes, até quando comparados com outros setores da cultura, ou o elevado valor dos seguros de trabalho, que têm um peso significativo (cerca de 20%) na rubrica de gastos com pessoal das sociedades desportivas.

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