A ofensiva militar da Rússia à Ucrânia tem sido reprovada pelo desporto mundial, com diversas modalidades a exercer mão pesada aos russos, na linha das rigorosas sanções económicas, políticas e comerciais impostas pelo ocidente.
Numa decisão conjunta de FIFA e UEFA, clubes e seleções russas foram suspensos das competições internacionais de futebol, com o Spartak Moscovo, que discutiria os oitavos de final com os alemães do Leipzig, em 10 e 17 de março, a ser expulso da Liga Europa.
Já o Tyumen deixa a ‘final four’ da Liga dos Campeões de futsal, de 29 de abril a 01 de maio, na Letónia, restrita a Sporting, detentor do título, Benfica e aos espanhóis do FC Barcelona, sem que a UEFA tenha anunciado eventuais mudanças no formato da prova.
A mesma incerteza invade o Europeu feminino de futsal, no qual a Rússia iria cruzar nas meias-finais com Portugal, em 25 de março, em Gondomar, estando na iminência de marcar um confronto diante da Ucrânia, caso esta derrotasse a Espanha, na final, no dia 27.
Outra consequência da decisão de FIFA e UEFA incide no campeonato da Europa de futebol feminino, entre 06 e 31 de julho, em Inglaterra, onde teria pela frente Suécia, Países Baixos e Suíça no Grupo C, já após afastar a equipa das ‘quinas’ nos ‘play-offs’.
A Rússia viu gorada uma quinta presença e terceira seguida como país independente no Mundial2022, prova que organizou há quatro anos e para a qual teria de bater a Polónia, em 24 de março, em Moscovo, numa das ‘meias’ do ‘play-off’ de apuramento e, em caso de triunfo, Suécia ou República Checa, novamente em casa, em 29 do mesmo mês.
Esse trio de nações, acompanhado por Países Baixos, Inglaterra, Escócia e País de Gales, já se tinha mostrado recentemente indisponível para enfrentar os russos, que no domingo até tinham sido autorizados pela FIFA a jogar em campo neutro, sem público, hino ou bandeira, sob a designação da União de Futebol da Rússia em vez do país.
O regulador do futebol mundial respondeu ao apelo do Comité Olímpico Internacional (COI), que solicitou na sexta-feira às federações internacionais que cancelassem ou mudassem de local quaisquer competições planeadas para solo russo ou bielorrusso.
Se a UEFA transferiu para Paris a final da Liga dos Campeões, que deveria ocorrer em São Petersburgo e continua aprazada para 28 de maio, o Grande Prémio da Rússia de Fórmula 1, originalmente aprazado para Sochi, em 25 de setembro, acabou cancelado.
Igual desfecho incidiu em torneios de badminton e taekwondo agendados para Rússia e Bielorrússia, etapas russas do circuito internacional de natação em águas abertas, nas Séries Mundiais de natação artística e saltos, entre 08 e 10 de abril, em Kazan, e no jogo Rússia-Grécia, da Liga Mundial de polo aquático, em 08 de março, em São Petersburgo.
A Rugby Europe suspendeu todos os eventos em território russo, depois de ter adiado o encontro entre Geórgia e Rússia, que deveria ter acontecido no domingo, em Tbilissi, relativo ao Europe Championship 2022 e à fase de apuramento para o Mundial 2023.
O Grand Slam de judo de 20 a 22 de maio, em Kazan, e as Olímpiadas de xadrez, de 26 de julho a 08 de agosto, em Moscovo, também foram cancelados, tendo a Federação Mundial de Karaté assumido a intenção de procurar um novo país organizador para a etapa da Premier League, prevista para ocorrer na capital russa, de 07 a 09 de outubro.
Já os clubes russos foram afastados das provas europeias de basquetebol, decisão que afeta CSKA Moscovo, UNICS Kazan e Zenit São Petersburgo na Euroliga e Lokomotiv Kuban na Eurocup.
No voleibol, a campeã olímpica França confirmou a sua desistência do campeonato do mundo, caso decorra em 10 cidades russas, entre 26 de agosto e 11 de setembro.
Além das posições tomadas pelas federações, a ofensiva militar levou atletas e clubes a agirem isoladamente, com a seleção ucraniana de esgrima a retirar-se da prova da Taça do Mundo, no Egito, evitando o duelo ante a Rússia nos ‘oitavos’ de florete por equipas.
Elina Svitolina, melhor tenista ucraniana de sempre, garantiu a ausência do jogo com a russa Anastasia Potapova na terça-feira, no México, contando com as manifestações dos ‘vizinhos’ Daniil Medvedev, Andrey Rublev e Anastasia Pavlyuchenkova contra a guerra.
Os franceses do Nantes, opositores do Benfica no grupo B da Liga Europeia de andebol, recusam receber os russos do Chekhovskiye Medvedi, na terça-feira, ao passo que a Austrália vai falhar os Mundiais de piscina curta, entre 17 e 22 de dezembro, em Kazan.
As consequências também se alastraram a contratos de patrocínio, com o clube alemão de futebol Schalke 04 a rescindir com a Gazprom, empresa estatal russa de produção e distribuição de energia, medida também subscrita pela UEFA em todas as suas provas.
Os ingleses do Manchester United desvincularam-se da companhia aérea Aeroflot e a escuderia norte-americana Haas deixou de exibir o logótipo da Uralkali no seu monolugar branco, azul e vermelho para o Mundial de Fórmula 1, mesmo que aquela produtora de adubos e fertilizantes seja detida pelo pai do seu piloto Nikita Mazepin, Dmitry Mazepin.
A nível diretivo, o milionário Roman Abramovich confiou a liderança dos ingleses do Chelsea aos administradores da sua fundação de caridade, dada a proximidade com o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, desapossado pela World Taekwondo do cinturão negro de nono dan e da vice-liderança daquela federação, ambos de forma honorífica.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de mais de 100 mil deslocados e quase 500 mil refugiados na Polónia, Hungria, Moldávia e Roménia.