Declarações de Álvaro Pacheco, treinador do Vizela, após o empate frente ao Marítimo (1-1), em jogo da 33.ª jornada da I Liga, disputado no Estádio do Futebol Clube de Vizela.
“Há uma felicidade que é extensiva ao concelho, à família vizelense. Fizemos história [com a manutenção na I Liga]. Era algo muito importante para o clube, para a cidade, para o concelho a equipa permanecer na I Liga, junto dos melhores. O Vizela chegou à I Liga e mostrou uma identidade, uma matriz de jogo que merecia a permanência. Era mais do que merecido conseguirmos isto. Só numa jornada estivemos abaixo da ‘linha de água’. Depois do que fizemos nesta época, não tenho dúvidas de que estes jogadores estarão muito mais fortes no futuro.
Este foi o mais saboroso [dos 12 empates do campeonato]. Até pela primeira vez dou por mim a não querer ganhar o jogo, a ser mais conservador, com a equipa muito mais focada no processo defensivo. Soubemos que o Tondela [16.º classificado] não foi capaz de conquistar os três pontos. Foi um jogo emotivo, bem conseguido da nossa parte. A vitória assentaria bem aos nossos jogadores, mas o facto de eles sentirem a importância dos pontos impediu-nos de ser serenos em certas fases. Tivemos alguns erros, como os que, ao longo da época, nos foram fatais, mas, desta vez, valeu a manutenção.
Sermos capazes de garantir a manutenção [foi um feito mais difícil do que as subidas de divisão]. Há um ano e meio civil, estes jogadores estavam no Campeonato de Portugal. O Vizela tem um projeto, acredita nesse projeto e permite a quem está aqui trabalhar com estabilidade. Além disso, quem está cá tem uma ‘visão’ muito grande para o clube. Desde o Campeonato de Portugal que temos uma ideia arrojada, que obriga [os jogadores] a saírem da zona de conforto. Ajudou-os a prepararem-se para outros palcos.
Neste momento, há jogadores preparados para palcos mais fortes do que o Vizela. Fizemos os jogadores acreditarem e focarem-se no que são capazes de controlar. Estes jogadores cresceram taticamente, fisicamente, mas sobretudo mentalmente. Gosto de jogadores que arrisquem, que gostem de desafios e que ‘morram’ pela nossa ideia de jogo. É bonito pegar nestes jogadores no Campeonato de Portugal e conseguir a manutenção na I Liga. Nos campos em que jogámos, fomos sempre Vizela. Alguns jogadores vão ‘voar’, outros vão ficar para continuarem a ajudar-nos a fazer história.
Os jogadores têm um caráter e uma disponibilidade [enormes]. Nunca viraram a cara à luta. Eles disseram-me que hoje era o nosso dia e que tinham de fazer história. E conseguiram fazer história.
Sempre vi o meu pai a lutar e a querer ser o melhor de todos. Era a minha referência e o meu ídolo. Não podemos olhar para o futebol sem ser pela conquista dos três pontos. Perguntei aos jogadores, no início da época, se estariam sempre preparados para lutarem pelos três pontos. Esta equipa marcou [o futebol português] por ser capaz de jogar um futebol positivo. Há um lema que é “Vizela é assim e luta até ao fim”, e os jogadores são um espelho disso.
Desde que eu e a minha equipa técnica começámos o trajeto no Fafe, dissemos que, em cinco anos, queríamos chegar à I Liga. Já tinha estado na I Liga como adjunto [de Miguel Leal], mas como treinador principal é diferente. Tivemos de investir em soluções par os problemas que o Vizela foi tendo. No ano passado [na II Liga], houve muito menos problemas do que neste ano. Como treinador, tive uma evolução muito grande na I Liga. Para o ano, espero melhorar esta classificação.
Tenho um orgulho muito grande em estar aqui. Passámos por momentos difíceis nesta época, mas não imaginam a confiança e a estabilidade que a família vizelense sempre me passou, desde a administração aos adeptos.
Neste momento, é muito mais difícil [deixar o Vizela]. Tenho contrato e estou muito feliz no Vizela, mesmo que um dia tenha de partir, porque é assim o futebol”.