O tenista português João Sousa considerou hoje “muito especial” estar de volta às vitórias em Roland Garros, segundo ‘major’ da temporada, após ter carimbado o acesso à segunda ronda com um triunfo na estreia ante Chun-hsin Tseng.
“Roland Garros sempre foi o torneio do Grand Slam mais difícil para mim. As condições são demasiado lentas, apesar de terem mudado a bola e tudo isso. Nunca me senti tão bem aqui, mas pode ser que isso este ano mude. Foi uma primeira ronda difícil, exigente e são sempre os encontros mais complicados. Ele vinha do ‘qualifying’, já rodado, e, nesse sentido, tinha vantagem, mas é uma alegria enorme vencer encontros no Grand Slam e, depois de uma grande semana, deixa-me ainda mais feliz”, afirmou o minhoto.
Depois de ter disputado no sábado a final do ATP 250 de Genebra, que perdeu para o norueguês Casper Ruud, número oito mundial, Sousa, 63.º do ‘ranking’ ATP, passou hoje quatro horas e 23 minutos em ‘court’ para superar o jovem tenista da China Taipé, de 20 anos, em cinco ‘sets’, por 6-7 (5-7), 6-1, 4-6, 6-1 e 6-4.
“Foi, provavelmente, o encontro mais longo da minha carreira. Tive poucos dias de adaptação e, à semelhança da semana passada, consegui competir muito bem, apesar das sensações serem diferentes. As condições são outras, aqui a bola anda muito menos e é mais difícil de ser fiel ao meu jogo. Foi muito difícil. Fiquei muito surpreendido com o nível dele. Sabia que ele tinha sido um muito bom júnior, mas superou as minhas expectativas”, confessou.
Apesar de ter tentado “comandar os pontos”, o vimaranense, de 33 anos, reconhece que na derradeira partida “as coisas podiam ter caído para qualquer um dos lados”.
“Perdi o primeiro ‘set’, mas sabia que ainda estava a encontrar as minhas sensações e ganhei o segundo facilmente. Depois, quebrei animicamente no terceiro e, no quarto, voltei a ser melhor. Queria que ele começasse a servir no quinto ‘set’ e correu bem. Não era fácil este encontro, joguei uma final de três horas há dois dias e pensava que vinha em condições físicas desfavoráveis, mas senti-me muito bem, estive sempre mentalmente muito agarrado, senti sempre que podia dar a volta e felizmente consegui”, avaliou.
Além de acreditar que, aos 33 anos, na semana passada jogou o melhor ténis da sua vida, “a melhor semana” da sua carreira “a par do Estoril Open [2018] em termos de nível”, em que não perdeu nenhum ‘set’ até à final”, o número 1 português diz estar a viver “o melhor início de época” de sempre.
“Mas, isto não é como começa, é como acaba. Até ao momento, tem sido fantástico e, apesar dos resultados, o que importa é o nível e sinto que tenho jogado a um nível alto. Depois de tudo o que passei com o ténis, com muitas dúvidas e coisas que me passaram pela cabeça, é um orgulho voltar a estar aqui”, sublinhou o jogador luso, referindo-se à lesão no pé esquerdo, em 2019, e uma tendinite no antebraço direito, que o afastaram dos ‘courts’ e dos bons resultados.
Garantida a qualificação para a segunda ronda, após quatro anos a perder na estreia, João Sousa terá como próximo adversário o italiano Lorenzo Sonego, 32.º cabeça de série, que hoje eliminou o alemão Peter Gojowczyk, pelos parciais de 6-2, 6-2 e 6-1.
“Não jogamos há muito tempo, mas é um grande jogador, agressivo e vai ser seguramente muito duro. O objetivo é ganhar, naturalmente”, rematou o vimaranense.