Os Jogos Paralímpicos são um "evento desportivo para 4.400 atletas", mas querem posicionar-se como o "evento mais transformador do mundo", dando visibilidade aos problemas das pessoas com deficiência, garantiu o presidente do Comité Paralímpico Internacional (IPC).
“Os Jogos são um fim em si mesmos, para 4.400 atletas, que querem ganhar ouro, prata e bronze, mas é preciso um propósito maior que contribua para mudanças nas vidas de 1,2 mil milhões de pessoas com deficiência no mundo”, afirmou Andrew Parsons, reiterando o compromisso do IPC em “posicionar os Jogos como o evento mais transformador do mundo, e não como o evento desportivo mais transformador do mundo, que atinge diretamente 1,2 mil milhões de pessoas com deficiência”.
No Funchal, onde assistiu aos Mundiais de natação adaptada, que terminam hoje, Parsons referiu que durante muito tempo o IPC “teve de se focar no seu papel como entidade desportiva”, considerando que, com a crescente importância do movimento paralímpico e dos Jogos, o organismo “está agora preparado para fazer a sua contribuição para a inclusão da pessoa com deficiência fora do desporto”.
Reeleito para um segundo mandato em dezembro de 2021, o brasileiro Andrew Parsons está consciente de que o IPC não conseguirá resolver tudo, mas assume que o organismo pode ser uma ajuda importante: “Não vamos resolver os problemas do mundo, mas usar a plataforma que temos a cada dois anos [com os Jogos Paralímpicos de Verão e de Inverno] é uma forma de dar visibilidade”.
A organização dos Jogos Paralímpicos, o apoio aos comités nacionais e aos atletas, e o trabalho em prol da defesa dos direitos humanos e das pessoas com deficiência são, de acordo com Parsons, os pilares fundamentais da atual liderança do IPC.
Andrew Parsons reiterou o compromisso do organismo com o movimento #WeThe15, que tem como objetivo transformar a vida de 1,2 mil milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, que representam 15% da população mundial, e lembrou que os Jogos Paralímpicos “são o único evento global que coloca pessoas com deficiência como atores principais”, dando visibilidade ao problema.
A dois anos dos Jogos Paralímpicos Paris2024, Andrew Parsons defendeu a necessidade de a competição “ter cada vez mais a sua identidade própria”, em relação aos Jogos Olímpicos, evento com o qual partilha há várias edições o comité organizador e as instalações.
O líder do IPC considerou que o facto de o ciclo paralímpico Paris2024 ter apenas três anos, devido ao adiamento dos Jogos Tóquio2020 para 2021, coloca “grandes desafios às federações internacionais, e aos comités nacionais”, mas não ao comité organizador.
Desde 2012, ano em que Londres acolheu os Jogos, depois da passagem por Pequim em 2008, as candidaturas de cidades à organização de Jogos Olímpicos terão que incluir também indicações para a realização dos Jogos Paralímpicos.
Apesar de em Seul1988 as duas competições terem utilizado os mesmos espaços, a coincidência do mesmo ano, país, cidade, Aldeia Olímpica, infraestruturas e comité organizador aconteceu apenas em Barcelona92 e foi confirmada em Atenas2004.