O Sporting de Braga defendeu hoje uma reformulação urgente dos quadros competitivos para um futebol português mais competitivo e sustentável e irá apresentar propostas à Liga, Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e secretário de Estado do Desporto.
André Viana, que lidera o gabinete da presidência, estratégia e media do Sporting de Braga, fez uma apresentação de um documento – ‘Reflexão e propostas sobre o presente e o futuro do futebol português’ – com um diagnóstico sobre os modelos competitivos nacionais e internacionais.
Para o assessor do presidente do clube, António Salvador, o modelo competitivo em Portugal não é eterno e o Sporting de Braga “está preocupado" com esse "ecossistema", procurando acelerar essa discussão que considera fundamental para a evolução do futebol português.
“Como tornar jogos mais imprevisíveis e mais competitivos? Como atrair público e fazer com que o futebol possa ser rentável? É uma discussão que o Braga quer acelerar sob pena de se fazerem estas perguntas tarde demais. Não é preciso criar um grupo de trabalho na Liga para analisar os modelos competitivos, isso faz-se em cinco minutos com um computador e acesso à internet”, vincou André Viana.
António Salvador reforçou: “é preciso agir”.
De entre os vários pontos apresentados, André Viana destacou o facto da liga portuguesa ser das menos competitivas de entre as sete maiores ligas europeias, considerando que “o espetador médio não tem interesse em seguir um jogo já ‘decidido’ à partida, nem uma competição com uma grande margem de probabilidade em cair para um determinado competidor”.
O Sporting de Braga mostrou-se recentemente favorável a um campeonato decidido na fase final num ‘play-off’, mas não fecha portas a outras soluções.
A perda progressiva de adeptos nos estádios nacionais também foi abordada, com o Sporting de Braga a lembrar o comparativo de ocupação dos estádios entre Portugal (8.146 espetadores de média por jogo, 34,3% de ocupação) e Holanda (17.153 espetadores de média, 77,7%).
Ao contrário do preço – “os bilhetes são baratos em Portugal” -, os horários foram um dos fatores mais destacados para essa perda. O clube minhoto revelou que vai rejeitar jogar à segunda-feira e que irá bater-se pela alteração das horas e dias a que se joga em Portugal.
Rejeitando a ideia de esta apresentação ser uma espécie de moção de censura à Liga, António Salvador frisou que “o Sporting de Braga não se revê neste modelo de direção da Liga há já muitos anos” e que o futebol português “não gira à volta dos ‘três grandes’”.
António Salvador revelou ainda que o projeto de construir um novo estádio no local do estádio 1.º de Maio, propriedade da Câmara Municipal de Braga, caiu e que o foco agora será reformular a ‘Pedreira’.
“Braga vai perder muito não ter apoiado a proposta [novo estádio no ‘1.º de Maio’] que o Sporting de Braga fez à autarquia, mas já não é assunto. Este estádio [Municipal de Braga] vai ser uma realidade para o futuro, queremos melhorar as acessibilidades e fazer uma reformulação profunda do estádio para dar mais conforto aos adeptos”, disse.