Os antigos internacionais portugueses Abel Xavier e Paulo Futre declararam-se hoje orgulhosos pela influência dos jogadores lusos na Liga inglesa, e recordaram memórias das respetivas passagens pela competição.
"Acho que, atualmente o mercado preferencial da Premier League, é, de facto, o português. É um benefício acrescentado não só em termos desportivos, mas também económicos. Não é fácil ser-se reconhecido em Inglaterra e como nós analisamos todos os jogadores portugueses que estão a competir em Inglaterra", constatou Abel Xavier, em declarações à agência Lusa, à margem de um evento promovido pela ELEVEN, canal que vai transmitir os jogos da Premier League na temporada 2022/23.
O antigo defesa internacional por Portugal, atualmente treinador de futebol, disputou a competição durante sete épocas, ao serviço de Everton, Liverpool e Middlesbrough, e tornou-se, por conseguinte, um profundo conhecedor da realidade inglesa.
"Todos os jogadores portugueses na Premier League são muito bem reconhecidos porque se envolveram no espírito do próprio campeonato," elogiou o ex-futebolista, de 49 anos.
Por seu turno, Paulo Futre, que representou o West Ham em 1996/97, elogiou a abertura da Premier League para que os seus protagonistas possam comunicar e valorizar-se perante o público, constituindo um exemplo a seguir em Portugal.
"Há jogadores que chegam aqui e só os ouvimos falar dois anos depois. Por vezes fico surpreendido quando falam português e eu aplaudo, mas só falam dois anos depois de chegar. Acho que a Premier League é um grande exemplo que também deveriam dar aqui, uma abertura para que os clubes portugueses também o façam. Têm de abrir a porta", aconselhou o antigo futebolista.
Abel Xavier recordou a mediática transferência do Everton para o Liverpool, a meio da temporada 2001/02, passando até aos dias de hoje a ser o único futebolista luso a representar - e de forma consecutiva - os dois clubes rivais da cidade de Liverpool.
"As coisas estavam tratadas, estávamos a uma semana do fecho do mercado e tudo foi estrategicamente organizado para que fosse anunciado no último dia de mercado e, por incrível que pareça, em dois anos e meio no Everton - era defesa, mas nas bolas paradas tentava marcar - nunca marquei e no primeiro jogo que fiz pelo Liverpool marquei um golo num Liverpool-Leicester. Os adeptos conseguiram perceber, porque tive uma ética correta quando saí," conta o antigo defensor.
Já Paulo Futre relatou, na primeira pessoa, o conhecido momento em que representava o West Ham e se recusou, numa primeira instância, a defrontar o Arsenal, entregando a sua camisola ao presidente do clube.
"Não falava inglês e chamei o meu intérprete no balneário, que era um guarda-redes australiano, o Steve, com quem falava italiano e disse 'Steve, ninguém vai sair daqui, chama o 'mister', o Harry Redknapp, e foram chamar o presidente, que estava no camarote. Agora, imaginem estarem a transmitir o jogo e serem 15:05 ou 15:10, e o árbitro começou a apitar (...) eu estava à frente da porta até que viesse o presidente. Eu disse que tínhamos um problema para resolver e se calhar nem ia haver jogo. Aí, veio o presidente e perguntou-me o que se estava a passar - e o que se estava a passar era uma camisola", contou, sorridente, o antigo extremo, sobre um dos episódios mais inusitados da sua gloriosa carreira profissional.