O ‘clássico’ do campeão nacional FC Porto com o ‘vice’ Sporting, no sábado, da terceira jornada da I Liga, pode servir de impulso para os dois clubes logo no princípio da temporada 2022/23, frisa o ex-futebolista brasileiro Clayton.
“Não é a altura de dizer que, só por estarmos no começo da época, o ‘clássico’ não tem tanta importância. Acho que tem pelos três pontos e, sobretudo, pela parte motivacional. Ganhar um jogo grande é sempre muito bem-vindo no início da época e as equipas vão estar dessa forma. O Sporting visita uma casa difícil. O FC Porto tem a força dos adeptos e uma leve vantagem. Ambos apresentam grandes treinadores e será um grande jogo”, projetou à agência Lusa o antigo avançado de ‘dragões’ (1999 a 2003) e ‘leões’ (2003/04).
O FC Porto, um dos líderes da I Liga, a par de Benfica, Boavista e Vitória de Guimarães, todos com seis pontos, recebe o Sporting, quinto, com quatro, no sábado, às 20:30, no Estádio do Dragão, no Porto, no primeiro confronto entre ‘grandes’ da nova temporada.
“Os jogos do Sérgio Conceição contra o Rúben Amorim têm sido sempre interessantes, porque, de uma certa forma, são abertos. Na verdade, têm esquemas táticos muito bem feitos para defender, mas são treinadores com características atacantes e gosto disso. Têm sido jogos deliciosos de se ver e não dá para prever resultado nenhum”, observou.
Os ‘dragões’ iniciaram a defesa do título de campeão nacional com uma “exibição muito bem conseguida” ante o Marítimo (vitória por 5-1) e “outra nem tanto” em Vizela (1-0), volvido o 23.º êxito na Supertaça Cândido de Oliveira face ao Tondela (3-0), da II Liga.
“Vai ser muito disputado, mas acredito que o FC Porto é favorito [ao título] e não deve ter medo de admitir isso, sabendo que não é fácil e os rivais são poderosos. Gosto muito do Rúben Amorim. O Sporting meteu muito dinheiro na sua contratação e na altura foi uma coisa esquisita, mas sagrou-se campeão e tem feito um ótimo trabalho com os jovens. O Benfica está motivado e quase na fase principal da Liga dos Campeões. Já a força que o Sporting de Braga tem revelado também é boa para o campeonato”, enquadrou Clayton.
Com um campeonato, três Taças de Portugal, uma Supertaça e uma então denominada Taça UEFA vencidos pelo FC Porto, o antigo extremo esquerdino, de 47 anos, exalta o “grande mérito” de Sérgio Conceição na “gestão do grupo” nas cinco épocas anteriores.
“Tenho reparado em variações táticas e nas mudanças de atletas, mas há que enaltecer sempre essa mística do FC Porto e, principalmente, o treinador, que tem um dedo muito importante. Quando o Luis Díaz saiu para o Liverpool, disse que não ia fazer tanta falta, pois havia nomes à altura para entrar e ajudar. O Sérgio Conceição não teve o mínimo medo quando saíram outros jogadores depois nem fez disso uma grande novela”, notou.
Falando de um técnico que “tem feito um bem enorme num momento delicado do clube”, Clayton vislumbra uma personalidade “cada vez mais firme, forte, frontal e empenhada” perante “desafios maiores”, como um inédito bicampeonato pelos ‘dragões’, apesar das recentes saídas de Marchesín, Mbemba, Fábio Vieira, Francisco Conceição ou Vitinha.
“É uma delícia ver o Vitinha a jogar. Foi uma grande perda, porque movimentava, criava, defendia e estava em todo o lado, com um futebol leve e para a frente. Provou na época passada a sua importância, tanto que despertou o interesse de um gigante [Paris Saint-Germain]. Acho que o FC Porto precisa de um médio experiente e com certo peso, mas o Sérgio Conceição está atento aos miúdos da formação. A confiança é grande e creio que vão ter um ano bom e incomodar muito também nas competições europeias”, afiançou.
Os ‘azuis e brancos’ abordaram as duas primeiras rondas com o mesmo ‘onze’ inicial, no qual Marcano sobressaiu no eixo defensivo com Pepe, face ao castigo do reforço David Carmo, enquanto Otávio, que também estava suspenso, foi suplente utilizado em Vizela.
“São situações bem distintas. Sem dar muitos porquês, acredito que o Otávio será titular no ‘clássico’. Agora, penso que o Sérgio Conceição vai manter a defesa. Se é certo que não ia colocar uma verba daquelas [20 milhões de euros] num central para depois não o utilizar, também não podemos desmerecer quem está a jogar, tem feito um trabalho bem interessante e formado ali uma boa dupla. O Pepe é o grande xerife. O Marcano não tem deixado a desejar e até apontou dois golos. É uma decisão difícil e não queria estar na pele do treinador, mas certamente que o FC Porto vai estar bem seguro atrás”, estimou.
Quanto ao Sporting, que bateu o Rio Ave (3-0) antes da visita ao Dragão, depois de ter desperdiçado três vantagens num “jogo bastante bom de se ver” em Braga (3-3), Clayton diz que uma ausência de Matheus Nunes, já confirmado como reforço do Wolverhampton, “é motivo de alegria para o adversário”.
“Tenho visto amigos sportinguistas nas redes sociais e pessoal meio bravo com a saída, porque acham pouco [dinheiro] e é natural. O rapaz joga muito à bola, mas também tem os seus sonhos e quererá testar novos ambientes. Não é pouco dinheiro numa fase de crise. Os clubes têm pouco a pensar quando chega um valor destes à mesa. O Matheus Nunes fará muita falta e vai ser um problema para o Rúben Amorim resolver”, concluiu.