A ministra Ana Catarina Mendes destacou hoje “o sonho concretizado de um aumento histórico” nos contratos-programa olímpico e paralímpico para Paris2024, hoje assinados, numa cerimónia em que José Manuel Constantino se mostrou preocupado com o atual contexto económico.
“Hoje, é um dia de alegria e de mostrarmos o nosso reconhecimento, o nosso agradecimento, a quem todos os dias trabalha para levar a esperança, a vontade e, sobretudo, a capacidade que estes atletas têm de trazer para Portugal tantas e tantas alegrias”, começou por salientar a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares.
A discursar na cerimónia de assinatura dos contratos-programa olímpico e paralímpico para Paris2024, numa sessão que descreveu como “simples”, mas “carregada de esperança e motivação”, Ana Catarina Mendes enalteceu “o esforço que foi feito pela parte do Governo” para aumentar a dotação financeira daqueles programas.
“A assinatura destes dois contratos que nos levarão até Paris2024 é o sonho concretizado de um aumento histórico na preparação destes dois programas, para um total de 31,2 milhões de euros. Os montantes que conseguimos disponibilizar para o ciclo olímpico de Paris2024 resultam, por isso, do reconhecimento do trabalho extraordinário dos nossos atletas, dos seus treinadores, das federações desportivas nas diversas modalidades”, declarou.
Em relação ao programa de Tóquio2020, as verbas para o próximo ciclo olímpico aumentam 18,4%, enquanto no paralímpico a evolução é de 32,9%.
Para esses Jogos, adiados em um ano devido à pandemia de covid-19, foram aprovados 18,55 milhões de euros para olímpicos – reforçados em quatro ME por causa do adiamento -, face a 22 milhões desta feita, e no paralímpico a verba cresce de 6,92 milhões - com um acréscimo de 1,2 ME -, para 9,2 milhões.
“Para este ciclo olímpico, encontrámos meios financeiros para que seja possível um aumento generalizado das bolsas dos atletas e treinadores, um aumento das verbas para a preparação desportiva, competições, estágios, apoios materiais para o treino e a continuidade dos apoios após os Jogos Olímpicos de Paris, com o Estado a garantir assim que nenhum atleta ficará sem apoios no dia seguinte à sua preparação”, enumerou.
Como ministra “que tutela o Desporto, mas também a Igualdade”, Ana Catarina Mendes sublinhou ainda “o facto de estes contratos contribuírem também para uma paridade de género” nas delegações portuguesas, “que deve ser extensível a todo o movimento desportivo”.
Antes do início da cerimónia no Centro Desportivo Nacional do Jamor, em Oeiras, na qual marcaram presença os secretários de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, e da Inclusão, Ana Sofia Antunes, o presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude, Vítor Pataco, vários presidentes de federações e atletas olímpicos e paralímpicos, José Manuel Constantino destacou “o momento importante”.
“É um momento de satisfação pela circunstância de ter sido possível encerrar este processo e encerrá-lo de uma forma que considero positiva, tendo em conta o encontro que foi possível estabelecer entre aquilo que era a proposta do Comité Olímpico de Portugal e aquilo que era os propósitos do Governo”, afirmou o presidente do COP, em declarações aos jornalistas.
No entanto, durante o seu discurso, no qual notou que o contrato-programa hoje assinado é “até melhor do que o contrato que o anterior Governo tinha proposto ao COP”, José Manuel Constantino manifestou preocupação perante o quadro económico atual.
“Não escondo, nem seria uma atitude séria da parte do presidente do Comité Olímpico de Portugal, que, pese embora as circunstâncias de termos celebrado um contrato que é significativamente superior a contratos similares para os programas de preparação olímpica, nós encontramos um quadro político e económico que nenhum de nós sabe, com segurança, qual vai ser o seu destino”, evidenciou.
Constantino disse recear “que uma parte significativa dos aumentos agora verificados possa, em algumas matérias, ser superada por aquilo que vai ser o aumento dos custos”.
“Oxalá isso não ocorra, mas não ficaria bem com a minha consciência se, num momento com estas características, não o sinalizasse. Quero partilhar convosco este meu estado de espírito, e juntar à alegria e à satisfação da celebração deste contrato também alguns motivos de preocupação”, reforçou.
Já o presidente do Comité Paralímpico de Portugal salientou “a mensagem muito importante” dada pelo Governo com o aumento das verbas da preparação para o ciclo paralímpico para Paris2024.
“Há aqui um marco importante, porque é o primeiro ciclo em que temos concretizada a questão da igualdade entre atletas de diversas dimensões e, por isso, penso que se trata de um momento histórico, porque é a consolidação definitiva desta velha aspiração do movimento paralímpico”, disse José Manuel Lourenço, referindo-se à equiparação de bolsas com as dos atletas olímpicos.