O brasileiro Edson Arantes do Nascimento, vulgo Pelé, o único tricampeão, e o argentino Diego Armando Maradona, pelos seus inigualáveis ‘solos’, são as maiores figuras, os ‘deuses’, da já quase centenária história dos mundiais de futebol.
Em cada comparação, em cada tentativa disso, Pelé lembra sempre, orgulhosamente, que ele, e só ele, venceu por três vezes o Mundial, o que, junto a mais de 1.000 golos, incluindo exibições e outros, lhe valeram o cognome de ‘rei’.
Campeão em 1958, 1962 e 1970, o brasileiro foi durante muitos anos incontestável, até que, em 1986, surgiu Diego Armando Maradona, que, sozinho, assim reza a ‘lenda’, levou a Argentina ao ‘colo’ até ao título, como nenhum ‘mortal’ o havia conseguido.
Pelé e Maradona, Maradona e Pelé, dificilmente poderiam ser mais diferentes, sobretudo fora do campo, onde o brasileiro foi sempre ‘by de book’, alguém consensual e do ‘sistema’, bem ao contrário do argentino, um eterno ‘bad boy’, numa vida desregrada, e pautada por drogas e outros vícios.
Por isso, Pelé, hoje com 82 anos, ainda é, resistindo a vários problemas de saúde, uma ‘lenda viva’ do futebol mundial, enquanto Maradona faleceu tragicamente em 25 de novembro de 2020, com apenas 60 anos, numa morte polémica, como a sua vida.
Nos anais do futebol, Pelé e Maradona lá estão, porém, lado a lado, a dividir opiniões sobre quem foi o melhor, discussões intermináveis e inconclusivas, claro, pois as emoções sobrepõem-se aos números, e até aos factos.
Nascido em Três Corações, no Brasil, em 20 de outubro de 1940, Pelé chegou primeiro e apresentou-se ao Mundo com apenas 17 anos, a idade com que deslumbrou no Mundial de 1958, sendo o maior responsável pelo primeiro cetro conquistado pelos ‘canarinhos’.
Doze anos mais tarde, já com 29 anos, coroou-se em definitivo no México, sagrando-se tricampeão, com quatro golos em seis jogos, depois de as lesões não o terem deixado brilhar em 1962, no ‘bis’ do Brasil, e em 1966, eliminado na primeira fase, também por culpa de Portugal e de Eusébio.
Para chegar ao ‘tri’, Pelé teve, porém, ao seu lado um lote de ‘enormes’ jogadores, como Garrincha, Didí, Vavá, Gilmar, Djalma Santos, Zagalo, Amarildo, Carlos Alberto, Jairzinho, Tostão, Rivelino ou Nilton Santos.
Bem diferente, foi a história de Maradona, nascido em Lanús, na Argentina, duas décadas depois, em 30 de outubro de 1960, que só conseguiu um título, mas quase sozinho, sem craques ao seu lado, ele contra o Mundo, como sempre, dentro e fora do campo.
Com os mesmos 17 anos com que Pelé se começou a consagrar na Suécia, Maradona, já craque, ficou – ‘desgraçadamente’, sabe-se agora - fora das escolhas de Menotti para a edição de 1978, que os ‘albi-celestes’ venceram em casa, e não foi feliz na estreia, em 1982, afastado por Brasil e Itália.
Mas, o ‘pibe de ouro’ apareceria em todo o seu esplendor em 1986, no México, onde, num só jogo, com a Inglaterra, logrou dois dos mais emblemáticos golos da história, um com a ‘mão de Deus’ e outro após fintar mais de meia equipa inglesa.
Maradona brilharia ainda com a Bélgica, com um ‘bis’ nas meias-finais, antes de, na final, com a RFA, conseguir fugir à impiedosa marcação de Matthäus e isolar Burruchaga para o 3-2 final, depois de os germânicos recuperarem de 0-2 para 2-2.
Em 1990, com um conjunto ainda mais débil, o ‘10’ conseguiu conduzir a equipa até nova final, mas, com uma equipa desfalcada pelos cartões vistos nas célebres ‘meias’ com a Itália, em Nápoles, não logrou o ‘milagre’, para, em 1994, entrar em ‘grande’ e sair pela ‘porta pequena’, expulso por doping.