A seleção portuguesa tem de expor a qualidade dos seus jogadores no Mundial do Qatar, recomenda o ex-internacional Hugo Almeida, colocando a formação orientada por Fernando Santos no elenco de candidatos à conquista do título.
“Hoje, já não há jogos ganhos fora das quatro linhas, mas Portugal tem muita qualidade. Reúne alguns dos melhores jogadores, que atuam nas melhores equipas, e o melhor do mundo e de todos os tempos [Cristiano Ronaldo]. Temos de ser candidatos e assumi-lo. Não há ninguém que possa negar isso, embora se tenha de o provar”, reiterou à agência Lusa o ex-avançado, que somou 57 internacionalizações e 19 golos, entre 2004 e 2015.
A 22.ª edição da prova realiza-se no Qatar, entre domingo e 18 de dezembro, em plena temporada 2022/23, com Portugal a encarar Gana (24 de novembro), Uruguai (dia 28) e Coreia do Sul (02 de dezembro), orientada pelo treinador luso Paulo Bento, no Grupo H.
“Esperamos sempre o melhor. O mundo inteiro já sabe que a seleção nacional tem muita qualidade e atletas que fazem a diferença de um momento para o outro. Tenho a certeza de que somos uma das candidatas e temos todas as possibilidades de ganhar o Mundial. Agora, uma coisa é falarmos, outra é os jogadores provarem isso lá dentro”, considerou.
Portugal participa pela oitava ocasião, e sexta seguida, no principal torneio mundial de seleções, para o qual se apurou com vitórias sobre Turquia (3-1) e Macedónia do Norte (2-0) no ‘play-off’, após ter sido segundo colocado no Grupo A da zona europeia, atrás da Sérvia.
“É difícil de compreender, como é lógico. Ao longo dos anos, temos feito qualificações e 'play-offs’ e, às vezes, há momentos em que os jogadores não estão na melhor forma e jogos que não correm bem. O futebol é mesmo pelo detalhe. É por isso que eu digo que temos uma seleção brutal e das melhores do mundo em termos de nomes, mas, depois, há que mostrá-lo sempre. Não são só os nomes ou as camisolas que jogam, mas sim a qualidade e como os jogadores se concentram ou se empenham”, notou Hugo Almeida.
O antigo dianteiro, que sobressaiu ao serviço de FC Porto, Werder Bremen (Alemanha), Besiktas (Turquia) ou AEK Atenas (Grécia), disputou os Mundiais de 2010 e 2014 e os Europeus de 2008 e 2012, sempre ao lado de Cristiano Ronaldo, atual capitão nacional.
“Vai ser ele próprio no Mundial2022 e vai rebentar outra vez. Sente-se ‘super’ bem e acho que tem muito para dar à seleção e a Portugal. Sem dúvida alguma, vai transcender-se outra vez no seu quinto campeonato do mundo. Será um Mundial do Ronaldo”, desejou.
Hugo Almeida, de 38 anos, ressalva que o avançado do Manchester United “não precisa de mostrar nada a ninguém”, apesar de um arranque de temporada atribulado, com três golos em 16 jogos pelos ingleses, 10 dos quais como titular, num total de 1.050 minutos.
“Aliás, os portugueses têm de estar muito gratos ao Cristiano Ronaldo por tudo o que ele fez ao longo destes anos pelo nosso país e seleção. Por todo o lado onde passa, eleva o nosso nome ao mais alto nível do futebol mundial. Há que estar bastante agradecidos e não pensar numa situação menos boa que esteja a viver. Os portugueses são um pouco ingratos nisso. Deviam estar a apoiar. Já basta ver as pessoas de fora a criticar”, atirou.
Por causa do clima desértico do Qatar, com temperaturas médias de 50 graus celsius no verão, o Mundial2022 vai gerar uma inédita interrupção da maioria das provas de clubes, encolhendo a preparação das seleções para uma semana, em vez das tradicionais três.
“Não sou a favor nem contra [o adiamento para o final do ano civil]. Vamos ver o que vai acontecer após o Mundial. Estas provas costumam ser no final das épocas desportivas, quando alguns atletas já fizeram entre 40 e 50 jogos. Há sempre aquela fadiga no corpo muito difícil de se controlar. Costumava dizer que a equipa que entrava num campeonato do mundo na melhor forma física era a que conseguia vencer. Este ano já não há nada disso, porque os jogadores ainda estão frescos e bem física e psicologicamente”, traçou.
Com 12 títulos coletivos conquistados, incluindo uma Liga dos Campeões pelo FC Porto (2003/04), Hugo Almeida jogou em sete países e terminou a carreira em 2020, quando representava a Académica, sendo atualmente treinador-adjunto do luso José Morais no Sepahan, quarto colocado da Liga iraniana, com 20 pontos, a quatro do líder Persepolis.