O Japão transfigurou-se hoje a partir do banco de suplentes para consumar uma reviravolta na segunda parte face à tetracampeã Alemanha, que bateu por 2-1, em jogo da ronda inaugural do Grupo E do Mundial do Qatar.
No Estádio Internacional Khalifa, em Doha, Ilkay Gündogan adiantou a ‘mannschaft’ de penálti, aos 33 minutos, mas os suplentes Ritsu Doan, aos 75, e Takuma Asano, aos 83, que representam Friburgo e Bochum, clubes do principal escalão germânico, selaram a segunda surpresa do torneio, um dia após o êxito da Arábia Saudita sobre a Argentina.
Os europeus aparentavam ter o 10.º jogo do Mundial2022 perfeitamente controlado, mas recuperaram ‘fantasmas’ recentes com as mudanças táticas nipónicas, entrando a perder pela segunda edição seguida e averbando a terceira derrota nos últimos quatro jogos na prova, volvidos quatro anos sobre a ‘queda’ ante outro opositor asiático, a Coreia do Sul.
O Japão destaca-se provisoriamente no topo da ‘poule’, com três pontos, contra nenhum da Alemanha, última e última, aguardando pelo duelo de hoje entre Espanha e Costa Rica.
Protestando contra com a problemática dos direitos humanos em redor da prova, o ‘onze’ da ‘mannschaft’ cobriu a boca com a mão assim que se perfilou para a fotografia oficial antes do jogo, com o ‘capitão’ Manuel Neuer a utilizar a braçadeira exigida pela FIFA.
O ‘guardião’ germânico seria importunado logo ao oitavo minuto, quando Daizen Maeda, antigo avançado do Marítimo, viu um golo anulado por fora de jogo, tendo esse momento representado uma exceção face ao domínio exercido pela seleção de Hans-Dieter Flick.
Antonio Rüdiger cabeceou ao lado, aos 17 minutos, após canto na esquerda de Joshua Kimmich, que, aos 21, atirou à entrada da área para defesa apertada de Shuichi Gonda, indicando o ritmo crescente da Alemanha, cuja pressão alta criou desconforto ao Japão.
O ex-guarda-redes do Portimonense deteve ainda duas investidas consecutivas de Ilkay Gündogan, mas seria batido pelo turco-germânico de penálti, aos 33 minutos, após ter derrubado na área David Raum, que fora lançado à distância pela precisão de Kimmich.
A vantagem recompensava a mobilidade ofensiva dos europeus, que conservaram essa cadência em ‘tiros’ altos de Kimmich e Jamal Musiala, aos quais juntaria um golo de Kai Havertz em posição irregular nos descontos, antes de Maeda reagir de cabeça ao lado.
Partindo com cinco titulares cedidos por clubes alemães, Hajime Moriyasu prescindiu do criativo Takefusa Kubo para reforçar a defesa com Takehiro Tomiyasu ao intervalo, com o objetivo de estancar, com três centrais, o perigo que a Alemanha criva pela esquerda.
Mas, no início da segunda parte, Serge Gnabry (47 minutos) e Gündogan (60) estremeceram o poste, Musiala voltou a errar o alvo (51) e Gonda acumulou quatro defesas seguidas tão distintas como vitais de uma assentada (71), três aos pés de Gnabry e outra diante do suplente Jonas Hofmann.
No extremo oposto do relvado, Neuer socorreu-se dos reflexos para parar Junya Ito, aos 73 minutos, mas a defesa incompleta ao centro tenso do recém-entrado Takumi Minamino, servido no flanco canhoto por Kaoru Mitoma, aos 75, abriu caminho à recarga eficaz de Ritsu Doan, que tinha entrado aos 71, depois de, aos 57, também já terem sido lançados Kaoru Mitoma e Takuma Asano.
A combinação inteiramente trazida do banco ajudou a ‘revolucionar’ a aura do Japão, que susteve novo golpe aéreo de Rüdiger, aos 80 minutos, e selou a reviravolta, aos 83, quando Asano rececionou um livre de Ko Itakura para aguentar a pressão de Nico Schlotterbeck na direita e ‘fuzilar’ Neuer de ângulo apertado.
Mario Götze voltou a jogar em Mundiais, depois de ter decidido a final de 2014, enquanto Youssoufa Moukoko, que fez 18 anos no domingo, se tornou o mais jovem de sempre a atuar pela Alemanha na principal prova de seleções, mas sem extraírem efeitos práticos.
Um cabeceamento desenquadrado e uma incursão em vólei perto do poste por parte dos suplentes Niclas Füllkrug e Leon Goretzka atemorizaram na reta final os ‘samurais azuis’, que triunfaram na abertura pela terceira vez, e segunda seguida, em sete participações.