Os jogadores têm maior risco de desenvolver problemas neurológicos após os 65 anos comparativamente a pessoas que não praticaram futebol profissional, revela um estudo efetuado por investigadores de uma universidade inglesa, publicado hoje.
O estudo SCORES contou com a participação de 145 ex-futebolistas profissionais, 55 dos quais com mais de 65 anos, e baseou-se em testes ‘online’ para avaliar as funções cognitivas e monitorizar o desenvolvimento cerebral.
Os investigadores da universidade de East Anglia, em Norwich, concluíram que os antigos jogadores com idades compreendidas entre 40 e 50 anos têm um desempenho superior ao da população geral, mas a tendência inverte-se com a subida da idade.
“É quando atingem 65 anos que as coisas começam a piorar”, observou Michael Gray, principal responsável pelo estudo, exemplificando que os ex-futebolistas “têm pior desempenho em áreas como o tempo de reação, funções relacionadas com a capacidade de gerir situações inesperadas e de realizar várias coisas em simultâneo”.
Tratam-se, “claramente, de sinais de alerta precoce de deterioração da saúde cerebral”, de acordo com Michael Gray, que pretende prosseguir o estudo nos próximos anos, a fim de ter “uma imagem muito clara dos danos potenciais que jogar uma bola com a cabeça pode provocar”.
A família de Nobby Stiles, campeão mundial pela Inglaterra em 1966, que morreu em 2020 em consequência de demência, anunciou no mês passado que iria processar a Federação Inglesa de Futebol por considerar que não protegeu suficientemente os jogadores contra os riscos de lesões cerebrais.