A Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol vai reunir «nos próximos dias» para analisar medidas a tomar para combater os sucessivos episódios de agressões aos ‘juízes’ em jogos, sete no último fim de semana.
“Iremos reunir com os núcleos de árbitros, alguns árbitros e seus representantes e iremos analisar o que fazer. E vamos enviar as queixas para o Ministério Público e exigir, no âmbito desportivo e jurídico, que os agressores sejam punidos”, garantiu o presidente da APAF, Luciano Gonçalves.
Em declarações à Lusa, o dirigente comentava os sete incidentes reportados no fim de semana em desafios de futebol de escalões inferiores e camadas jovens, admitindo que encontrar uma resposta resolutiva não é tarefa fácil.
“Não temos nenhuma solução que nos garante que estas situações não aconteçam. Tivemos agressões em partidas com e sem policiamento, em jogos de miúdos de 14 anos e de seniores... Uma tipologia variada. Não é algo que possamos dizer que se optarmos por ‘esta situação’ isso vai acabar, termos a garantia de que vai terminar. Não temos”, explicou.
Luciano Gonçalves lembrou que já existe uma legislação punitiva, que até prevê a “detenção dos agressores”, contudo lamenta o facto da mesma não ser “aplicada, cumprida”.
O dirigente informou que hoje mesmo um dos atacantes foi presente a tribunal e revelou que em diversas outras ocasiões os prevaricadores não foram identificados, pelo facto dos desafios não terem policiamento e dos infratores não estarem ligados às equipas que se defrontavam.
Dos sete agredidos, nenhum está hospitalizado, contudo há um, “com uma contusão”, a ser “acompanhado” com maior proximidade pela APAF, que está a “garantir apoio jurídico a todos”.
“A APAF só tem um interesse, o de que estas situações terminem. Sem vontade de tomar medidas ‘só porque sim’ sem termos a certeza de que não se viram contra nós e resolvem efetivamente alguma coisa. Está tudo em cima da mesa, tudo pode acontecer”, sentenciou, recordando a questão cultural de “achincalhar” os árbitros em Portugal, elucidando com os comentadores desportivos em programas de televisão.
Acrescentou que a APAF está em sintonia com as associações de futebol no sentido de “punir com celeridade” os prevaricadores, o mesmo entendimento partilhado com a Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto, de quem espera “ajuda para punir os agressores de forma mais efetiva”.