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Mundial-2022: Argentina sagra-se tricampeã e Messi sobe ao pedestal de Maradona

A Argentina sagrou-se este domingo tricampeã mundial de futebol e Messi subiu, finalmente, ao pedestal de Maradona, ao vencerem a França, numa final do Mundial no Qatar que entrará para a história.

Mundial-2022: Argentina sagra-se tricampeã e Messi sobe ao pedestal de Maradona
Futebol 365

Autor de dois golos no jogo de hoje em Lusail, no Qatar, Messi foi eleito melhor jogador da prova, depois de ter conduzido a Argentina ao terceiro título mundial, reeditando os êxitos de 1978 e 1986, este último pela mão e o pé iluminado de Maradona, ao qual, definitivamente, o compatriota já nada deve.

O ‘hat-trick’ do supersónico Kylian Mbappé reanimou várias vezes uma seleção francesa à beira do desfalecimento, terminando mesmo como o melhor marcador do torneio, com oito golos, mas foi o avançado argentino que marcou – aos 35 anos e no último fôlego em Mundiais – encontro com a história.

Messi inaugurou o marcador aos 23 minutos, de grande penalidade, e parecia ter sentenciado o jogo no prolongamento, aos 108, mas Mbappé reavivou as terríveis memórias do Mundial2014, em que o cetro escapou entre os dedos do astro argentino, derrotado na final pela Alemanha, por 1-0, também após prolongamento.

A equipa das Pampas já tinha construído uma vantagem promissora ao intervalo (2-0), com Di Maria a aumentar a vantagem aos 36 minutos, antes de Mbappé resgatar a sua seleção uma vez, com um ‘bis’ apenas ao alcance da sua velocidade, aos 80 e 81, e outra, perto do fim do tempo extra, aos 118, o primeiro e último de grande penalidade.

Mbappé e Messi assumiram os primeiros remates no desempate por grandes penalidades e mostraram-se à altura do estatuto, mas Coman permitiu a defesa do guarda-redes Emiliano Martínez, outro dos heróis argentinos, e Tchouaméni atirou ao lado, com Montiel a encerrar uma irrepreensível demonstração de eficácia argentina.

“É uma loucura que [o sonho de vencer o Mundial] se tenha tornado realidade desta forma. Ansiava isto há tanto tempo..., mas sabia que Deus me faria esta oferta. Tinha a sensação de que seria neste [campeonato]”, exultou Messi após a conquista do único troféu que, provavelmente, o faria exultar nesta fase da carreira.

Colegas de equipa no PSG, os dois prodigiosos jogadores foram o expoente máximo de um campeonato controverso desde o momento em que foi atribuído ao Qatar, disputado a meio da época desportiva na Europa pela primeira vez, mas superlativo em quase tudo e com um final digno da opulência do emirado.

Hoje, todas as polémicas parecem ter sido esquecidas, desde o desrespeito pelos direitos dos trabalhadores que construíram as infraestruturas (entre as quais os deslumbrantes estádios onde Messi e Mbappé deliciaram milhares ao vivo e milhões através da televisão), ao silenciamento feito pela FIFA a mensagens políticas e a favor dos direitos LGBTQIA+.

Os benfiquistas Otamendi e Enzo Fernández foram titulares na equipa sul-americana e tornaram-se os primeiros campeões do mundo enquanto participantes da liga portuguesa, mas o Mundial2022 ficará para sempre como o campeonato em que Messi pareceu ter encerrado a sua argumentação no processo de candidatura a melhor futebolista da história.

Do alto dos seus 1,70 metros, o pequeno génio foi o segundo melhor marcador, com sete golos, elevando para 13 o pecúlio na mais importante prova de seleções e ultrapassando o ‘rei’ Pelé, além de se ter tornado também o jogador com maior número de encontros disputados no grande certame, com 26.

A cerimónia de encerramento, contrariando o sentido do vocábulo, foi realizada antes do jogo decisivo, deixando o palco livre para Messi, que será também o único jogador com dois troféus da Bola de Ouro sobre a lareira, pois já tinha sido eleito o melhor da edição de 2014, apesar de derrota na final.

Mbappé, campeão no Mundial2018, foi o segundo melhor da competição e o croata Luka Modric, distinguido com a Bola de Ouro há quatro anos, foi o terceiro, enquanto Emiliano Martínez recebeu, sem surpresa, o prémio de melhor guarda-redes, e Enzo Fernández o de melhor jogador jovem.

A Argentina festeja, entre lágrimas e sorrisos, a conquista do título que perseguia há mais de três décadas, com centenas de milhares de adeptos a saírem às ruas e o presidente do país, Alberto Fernández, a destacar o “exemplo” dado pelos atletas a 14.000 quilómetros de distância.

“Mal consigo esperar por regressar à Argentina e assistir a toda a insanidade”, desabafou Messi, que, apesar de não ter recuado na intenção de se despedir do Campeonato do Mundo, revelou o desejo de “viver mais alguns jogos como campeão mundial", em representação da ‘albi-celeste’.

Messi foi para a Argentina o que Cristiano Ronaldo, dois anos mais velho, não conseguiu ser para Portugal: a seleção lusa foi eliminada nos quartos de final, ao perder por 1-0 com Marrocos, com o avançado a ser relegado para o banco de suplentes por Fernando Santos, num dos seus últimos atos marcantes como selecionador.

O triunfo sobre a equipa portuguesa, que até estava a realizar uma boa campanha, permitiu aos marroquinos reescreverem a história dos Mundiais, ao tornarem-se a primeira seleção africana a atingir as meias-finais, acabando por terminar no quarto lugar, após a derrota por 2-1 frente à Croácia, no jogo de atribuição da medalha de bronze.

Confira aqui tudo sobre a competição.

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