Os internacionais portugueses Diogo Costa e Otávio foram reconhecidos na segunda-feira como atleta e futebolista do ano do campeão nacional FC Porto, respetivamente, a par do treinador Sérgio Conceição, na gala Dragões de Ouro.
“Quero dedicar [esta distinção] inteiramente à minha família, que não é fácil, e aos meus pais, como sempre. Não estando entre nós, estarão com certeza muito orgulhosos, pois receberam mais duas pessoas extremamente importantes na vida do clube. Estão todos juntos lá em cima a olhar por nós, de forma que o FC Porto seja cada vez maior, melhor, mais forte e ganhador. E vamos continuar assim sempre, porque merecemos. Somos trabalhadores honestos, sérios, dedicados e competentes também”, salientou o técnico.
Sérgio Conceição, de 48 anos, sucedeu ao espanhol Moncho López, antigo treinador do basquetebol ‘azul e branco’, para arrebatar o seu quarto Dragão de Ouro, um dos quais como jogador (1998) e três enquanto técnico (2018, 2020 e 2022), e igualar o recorde de estatuetas da ex-atleta campeã olímpica Fernanda Ribeiro (1986, 1987, 1995 e 1996).
“É o quarto Dragão de Ouro que recebo. O primeiro foi em 1998. 19 anos depois, tive o prazer de apertar a mão ao melhor dirigente do mundo e selar o nosso acordo verbal de que seria o próximo treinador do FC Porto”, rememorou, depois de ter recebido o prémio de Jorge Nuno Pinto da Costa, graças ao ‘triplete’ nacional granjeado ao longo de 2022.
Num ano em que igualou José Maria Pedroto como treinador mais laureado do FC Porto, com oito títulos, Sérgio Conceição dirigiu as conquistas do 30.º campeonato, com um recorde de 91 pontos, da 18.ª Taça de Portugal e da 23.ª Supertaça Cândido de Oliveira.
“Represento muita gente neste Dragão de Ouro. Na primeira vez que fui ao Olival com o presidente [Jorge Nuno Pinto da Costa], em 2017, ele disse-me [que havia] quatro pilares inegociáveis no FC Porto: rigor, competência, ambição e paixão. Há ainda uma série de pessoas que trabalham diariamente para que não falte nada aos atletas e para que, ano após ano, eles possam ser melhores e ganhar, que é aquilo que queremos”, completou.
Jorge Nuno Pinto da Costa manifestou que a categoria de Treinador do Ano “não podia ser” atribuída a outra pessoa, no habitual discurso de conclusão dos Dragões de Ouro.
“Não é por ser padrinho dele, como ele disse aqui na brincadeira. Os meus afilhados, no bom sentido da palavra, são todos os que sentem, vivem, vibram e servem o FC Porto com dedicação inexcedível. Como presidente e amigo, tive muito prazer de entregar o quarto prémio da carreira ao Sérgio Conceição. Tenho a certeza de que não foi o último nem sequer o penúltimo”, partilhou o dirigente mais titulado do futebol mundial no ativo.
A 35.ª edição do evento galardoou ainda o guarda-redes Diogo Costa e o médio Otávio, ambos utilizados pela seleção lusa no Mundial2022, que sucederam ao ciclista Amaro Antunes e ao jogador Sérgio Oliveira como Atleta e Futebolista do ano, respetivamente.
“O Atleta do Ano é um jovem que desde os 12 anos no FC Porto deu razão à sua paixão de ser guarda-redes. Acompanhei o seu crescimento nos vários escalões e conseguiu a pulso chegar à equipa sénior. Com trabalho, intuição e inteligência, quando o treinador o lançou para espanto de muitos e desacordo de alguns, respondeu de maneira brilhante, conquistou um lugar como titular e tornou-se no melhor guarda-redes português, indo até à seleção nacional”, frisou Pinto da Costa, falando acerca de Diogo Costa, de 23 anos.
Quanto a Otávio, de 27 anos, “a quem os colegas carinhosamente chamam de baixinho”, o presidente do FC Porto considerou que o luso-brasileiro “é do tamanho da Torre dos Clérigos” no relvado, exibindo “tudo para continuar a brilhar e a ser um Dragão de Ouro”.
No palco do Dragão Arena apareceram igualmente o avançado Gonçalo Borges, de 21 anos, como Atleta Revelação, e o guarda-redes Gonçalo Ribeiro, de 16 anos, elevado a Atleta Jovem, com Fernando Gomes, administrador da SAD, a ser o dirigente premiado.
Essa categoria diretiva tinha sido conquistada em 2021 pelo homónimo ‘bibota’, melhor marcador da história do clube e vencedor de duas Botas de Ouro (1982/83 e 1984/85), que faleceu em 26 de novembro, aos 66 anos, e foi recordado postumamente na gala.
Nas restantes modalidades, o hoquista Gonçalo Alves notabilizou-se como Atleta de Alta Competição, na sequência de uma campanha marcada pelas conquistas do campeonato, no qual foi ‘artilheiro’ máximo, da Taça de Portugal e de um inédita Taça Intercontinental.
Já o espanhol Daniel Sánchez, campeão da Europa de bilhar às três tabelas, foi laureado com a estatueta masculina de Atleta Amador, galardão partilhado no setor feminino pela olímpica Angélica André, terceira nos 10 km de águas abertas dos Europeus de natação.
Pinto da Costa, que vai completar 85 anos em 28 de dezembro, distinguiu cada premiado no seu discurso, além de proclamar uma versão adaptada de um poema de Fernando Pessoa e cantar parte do hino do clube, eternizado pela falecida Maria Amélia Canossa.
“Queria apenas que considerassem que os meus braços se transformem nas asas de um dragão muito grandes e que consiga envolver-vos a todos num abraço fraterno de muita amizade, gratidão, esperança no futuro de todos nós e no futuro do FC Porto”, terminou.
Os Dragões de Ouro foram lançados em janeiro de 1986, já sob a presidência de Jorge Nuno Pinto da Costa, e atribuíram este ano 17 prémios, tendo ocorrido pela sexta vez no Dragão Arena, no Porto, após duas edições condicionadas pela pandemia de covid-19.