A aposta na “repressão e na prevenção”, repartidas entre Estado e clubes, é o caminho para lidar com os perniciosos adeptos ‘casuais’, defende a Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD).
“A vertente da repressão é importante, a investigação e desarticulação - por via da investigação criminal - deste tipo de grupos sem lugar no desporto. O seu afastamento dos recintos desportivos é obrigatório”, defende o presidente da APCVD, Rodrigo Cavaleiro, em declarações à Lusa.
O responsável comentava a detenção, na quarta-feira, de 30 indivíduos ‘casuais’ ligados a claques de Benfica e Sporting, acusados de crimes violentos, desobediência e participações em rixas.
“Depois vem a vertente mais preventiva, também com intervenção das entidades, sejam publicas ou do âmbito desportivo, nomeadamente os clubes”, complementa Rodrigo Cavaleiro.
A responsabilidade dos clubes começa na “identificação de subgrupos ou movimentos mais subversivos ligados a atividades violentas e que podem estar a infiltrar-se nos seus grupos de adeptos” e pode ser complementada pelo “empoderamento de adeptos ou grupos que promovam os valores associados ao desporto”, como apoiar as suas equipas e contribuir para o ambiente festivo do espetáculo.
“Há diferentes níveis de intervenção. O Estado tem uma fatia importantíssima e papel de liderança na luta contra a violência e criminalidade, mas não podemos menosprezar o importante papel dos clubes em passar esse final, uma mensagem para os adeptos”, sintetizou.
O presidente da APCVD destaca a importância de separar os ‘casuais’ dos adeptos ‘ultra’, recordando que os primeiros, mais do que defenderem um clube, estão verdadeiramente focados na “violência e nos confrontos físicos”.
“Os adeptos de matriz casual distinguem-se dos outros e são quase uma metamorfose do hooliganismo dos anos 1970 e 1980 no Reino Unido, que ainda se mantém em alguns países, mas com um código de atuação e de vestuário muito próprios, com roupas de marca desportiva, habitualmente a preços mais elevados, uma forma de fugir ao controlo policial”, ilustrou.
Quarta-feira, a PSP realizou uma megaoperação dirigida a grupos de “casuais” ligados ao fenómeno desportivo, nomeadamente à violência associada a claques do Benfica e Sporting, tendo detido 30 pessoas, uma das quais em flagrante delito, com posse de arma de fogo.