O Comité Olímpico da Ucrânia manifestou esta sexta-feira a sua oposição a uma possível participação de atletas russos e bielorrussos nos Jogos Olímpicos Paris-2024, bem como em outras competições internacionais.
Mais de uma centena de presidentes de federações desportivas ucranianas também concordaram na possibilidade de boicotar os Jogos Olímpicos, numa assembleia virtual, que decorreu enquanto soavam alarmes antiaéreos em todo o país.
A decisão final será tomada dentro de alguns meses, depois de conhecidas as posições das organizações desportivas e das federações internacionais, nomeadamente do Comité Olímpico Internacional (COI), que o governo ucraniano acusa de ser conivente na promoção da guerra.
“A guerra tira a vida a milhares de cidadãos. Temos que nos unir e lutar contra a possibilidade de russos e bielorrussos participarem em competições internacionais e nos Jogos Olímpicos”, realçou o presidente do Comité Olímpico da Ucrânia, Vadym Guttsait, medalha de ouro em esgrima, em Barcelona1992.
Ao longo da próxima semana, o comité olímpico ucraniano comunicará a sua posição aos dirigentes das federações desportivas nacionais e internacionais e, de acordo com as reações e decisões posteriores do COI, outra assembleia decidirá o rumo a seguir.
“Enquanto a guerra continuar, os atletas russos e bielorrussos não devem ser autorizados a participar, mesmo sob uma bandeira neutra”, enfatizou Vadym Guttsait, acrescentando que a Ucrânia pode recorrer ao boicote como “último recurso”.
Nesse sentido, os compromissos não são possíveis, disse o antigo atleta olímpico, já que a Rússia destruiu 334 infraestruturas desportivas na Ucrânia e matou 220 atletas ucranianos.
Além disso, o presidente do Comité Olímpico da Ucrânia indicou que outros países, como Lituânia, Letónia e Polónia, apoiam a posição ucraniana.
Em entrevista coletiva que se seguiu à assembleia virtual, Valery Borzov, membro do comité e antigo campeão olímpico nos 100 e 200 metros em Munique1972, afirmou que a participação simultânea de atletas ucranianos, russos e bielorrussos representaria um sério dilema moral.
A medalha de bronze olímpica em natação sincronizada em Tóquio2020 Marta Fedina destacou que os ataques russos tornam quase impossível para os atletas ucranianos treinar e se preparar para as competições, portanto, permitir que russos e bielorrussos participem seria contrário aos princípios do ‘fair-play’.