Ruben Guerreiro ‘salvou’ hoje o pódio no Gran Camiño por cinco segundos, em nova jornada de demonstração de força do ciclista dinamarquês Jonas Vingegaard, que saiu da Galiza só com vitórias e com a amarela final.
Na história recente do ciclismo não há muitas histórias assim: depois de ganhar a segunda e terceira etapas da prova galega – a primeira foi neutralizada -, o corredor da Jumbo-Visma arrasou a concorrência no contrarrelógio final, deixando o mais direto perseguidor, o seu colega australiano Rohan Dennis, a 35 segundos, e o terceiro, o norte-americano Will Barta (Movistar), a 59.
A prestação do vigente campeão do Tour, que demonstrou uma desconhecida faceta ‘canibal’ em terras galegas, foi tão demolidora que chegou à meta, diante da Catedral de Santiago de Compostela, ‘colado’ a Ruben Guerreiro, que tinha partido dois minutos antes de si.
“Quero tentar ganhar tanto quanto possível. Ainda estou ávido de vitórias e ainda quero vencer muitas corridas”, assumiu o dinamarquês, de 26 anos, num alerta à concorrência, nomeadamente a Tadej Pogacar (UAE Emirates), com quem vai travar o primeiro duelo da temporada no Paris-Nice, entre 05 e 12 de março.
Ainda assim, e apesar de ter sido apenas 21.º na etapa, a 1.55 minutos de Vingegaard, e ter perdido o segundo lugar da geral para Jesús Herrada (Cofidis), o português da Movistar segurou o pódio, por cinco segundos.
Como peregrinos que finalizam o seu caminho de Santiago na Praça do Obradoiro, os ciclistas concluíram hoje a participação na segunda edição do Gran Camiño em frente à Catedral, num dia de sol esplêndido, a fazer esquecer as duas jornadas perturbadas pela neve.
Os técnicos e duros 18,1 quilómetros eram perfeitos para especialistas e eles foram ‘desfilando’ como autores do melhor registo: o norte-americano Chad Haga (Human Powered Health), surpreendente vencedor do contrarrelógio final do Giro2019, pulverizou todos os tempos anteriores, ao concluir a etapa em 25.18 minutos, mas a sua performance foi largamente superada por Rohan Dennis (Jumbo-Visma).
Quem sabe nunca esquece e o antigo bicampeão mundial de contrarrelógio (2018 e 2019) simplesmente ‘voou’ – no ponto intermédio, já retirava 44 segundos ao tempo de Haga – para finalizar o seu exercício em 24.22 minutos.
O registo de Dennis figurou durante mais de metade da jornada como o melhor, mas o australiano seria destronado quando o camisola amarela cortou a meta, com o extraordinário tempo de 23.47 minutos, alcançado a uma média de 45,662 km/h, e com Ruben Guerreiro à vista.
O português, que trabalhou especificamente o contrarrelógio na pré-temporada, tendo inclusive mudado a posição na bicicleta em busca de ganhos aerodinâmicos, foi superado por Herrada, um surpreendente quinto classificado no ‘crono’, a 1.06 minutos do vencedor, mas conseguiu evitar a perigosa aproximação de Atilla Valter (Jumbo-Visma).
Guerreiro terminou a segunda edição do Gran Camiño em terceiro, a 2.48 minutos de Vingegaard, com o espanhol da Cofidis, um dos maiores responsáveis pela neutralização da primeira jornada, a ser segundo, a 2.31.
A quarta e última etapa da prova galega trouxe ainda uma boa surpresa para Portugal, com Joaquim Silva (Efapel) a superar-se para fazer um excelente contrarrelógio – foi 13.º, a 1.32 minutos – e entrar no top 10, um prémio merecido para o corredor de 30 anos, um dos mais consistentes do pelotão nacional.
Silva sai da Galiza com um honroso nono lugar, depois de ter saltado quatro posições na geral, terminando a 3.44 minutos de Vingegaard.