A seleção portuguesa tem “fortes possibilidades” de apuramento para o Europeu 2024, observa o antigo internacional Paulo Madeira, apelando à união em torno do novo selecionador, o espanhol Roberto Martínez.
“Não digo que seja acessível, mas há que perceber que Portugal está num grupo em que pode passar com facilidade. A qualificação começa agora e é muito prematuro estar a tentar adivinhar aquilo que acontecerá, mas acho que tem todas as hipóteses de passar esta fase”, frisou à agência Lusa o ex-defesa, com 24 internacionalizações ‘AA’ e três golos.
Portugal recebe o Liechtenstein na estreia do Grupo J de acesso ao Euro2024, marcada para quinta-feira, às 19:45, no Estádio José Alvalade, em Lisboa, três dias antes de se deslocar ao Estádio do Luxemburgo para defrontar a seleção local, às 19:45 de Lisboa.
“Não há jogos fáceis hoje, mas, aparentemente, são os menos difíceis que Portugal tem. Liechtenstein e Luxemburgo foram sempre opositores frente aos quais nós marcávamos muitos golos, além de alcançarmos bons resultados. Como toda a gente sabe, Portugal é um forte candidato a qualquer título, tanto a nível europeu, como mundial, porque é uma seleção respeitada por todo o mundo e que se fez respeitar nestes últimos anos”, notou.
Numa ‘poule’ que inclui também Bósnia-Herzegovina, Eslováquia e Islândia, o campeão europeu de 2016 precisa de ficar num dos dois primeiros lugares para ter acesso direto à 17.ª edição do torneio, que decorre na Alemanha, de 14 de junho a 14 de julho de 2024.
“Obviamente, começar com estes dois jogos é positivo. Se ganhar ambos, os outros três adversários ficarão com algum receio de Portugal. Quando se inicia qualquer competição a ganhar, ainda para mais com o alargamento do Europeu [para 24 finalistas], há sempre ali uma margem boa para se gerir aquilo que virá nos jogos seguintes. O que importa é acabar bem, mas começar de igual modo também é importante”, alertou Paulo Madeira.
A equipa das ‘quinas’ procura a nona presença, e oitava consecutiva, na principal prova continental de seleções, que já não falha desde 1992 e da qual foi finalista derrotada na condição de anfitriã em 2004, sendo agora comandada pelo espanhol Roberto Martínez.
“É um selecionador novo, que, eventualmente, procura conhecer uma realidade e cultura diferentes e nunca treinou em Portugal. Até ele próprio quer que as coisas corram bem nestes dois primeiros duelos”, considerou o antigo central do Benfica (1989-1995 e 1997-2002), que fez parte da convocatória de António Oliveira para o Euro1996, em Inglaterra.
Roberto Martínez foi apresentado em 09 de janeiro como sucessor de Fernando Santos para os próximos quatro anos, tornando-se o terceiro estrangeiro a comandar o conjunto das ‘quinas’, depois dos brasileiros Otto Glória (1983) e Luiz Felipe Scolari (2002-2008).
O técnico catalão, de 49 anos, tinha fechado no mês anterior um percurso de seis anos à frente da Bélgica, que foi afastada de forma surpreendente no Grupo F do Mundial2022, disputado no Qatar, com Portugal a ‘tombar’ nos quartos de final perante Marrocos (0-1).
Recentemente designado como novo selecionador da Polónia, Fernando Santos orientou Portugal durante oito anos e guiou os lusos aos seus únicos dois troféus internacionais a nível sénior, ao arrebatar o Euro2016 e a primeira edição da Liga das Nações, em 2019.
“A Federação Portuguesa de Futebol [FPF] lá terá as suas razões. Não foi propriamente uma decisão só do presidente [Fernando Gomes], mas da direção da FPF. Foi a escolha deles e há que respeitar este selecionador. Apesar de ele não ser português e de tentar, pelo menos, falar bem a nossa língua, temos de estar com ele”, sugeriu Paulo Madeira.
Roberto Martínez tem como oponente de estreia o Liechtenstein, frente ao qual o antigo defesa contribuiu com um ‘bis’ para o triunfo de Portugal (5-0) obtido em 31 de março de 1999, em Vaduz, relativo à quinta jornada do Grupo 7 de apuramento para o Euro2000.
“Quando se marca dois golos na seleção ‘AA’, as memórias têm de ser positivas. Nessa fase, o Liechtenstein era uma equipa mais acessível e tinha jogadores amadores. Fiz os golos junto ao primeiro poste, em cantos quase iguais batidos em lados distintos por Luís Figo e Rui Costa. Fui um dos melhores marcadores de Portugal nessa qualificação [com três tentos], mas o [então selecionador] Humberto Coelho não me convocou para a fase final. Foi uma ‘magoazita’”, lembrou, entre risos, o campeão mundial de sub-20 em 1989.