O futuro Aves SAD quer aceder em breve à I Liga, sublinhou esta segunda-feira o presidente da sociedade do Vilafranquense, que alinha no segundo escalão e negociou o arrendamento do estádio do Desportivo das Aves 1930.
“Estar na I Liga é um sonho. Se não for já este ano, certamente vai ser no próximo ou no outro a seguir. O primeiro objetivo é subirmos o mais rápido possível. A partir daí, sonhar não custa e sonhar alto ainda é melhor. Temos visto clubes como o Paços de Ferreira ou o Arouca a irem à Liga Europa, também temos esse sonho e espero que consigamos lá chegar num futuro próximo”, reconheceu Henrique Sereno, em conferência de imprensa.
Os associados do refundado Desportivo das Aves 1930, que alinha na Divisão de Honra da Associação de Futebol do Porto, aprovaram no sábado o acordo negociado junto do Vilafranquense SAD para que o quinto classificado da II Liga possa utilizar o seu estádio.
“Deixo bem claro que não somos uma SAD megalómana, temos os pés assentes na terra e sabemos aquilo que queremos. É um projeto ambicioso, mas a longo prazo. Temos um grupo de pessoas muito forte a nível de futebol e sabemos que teremos sucesso”, frisou.
Em discussão estava uma proposta de arrendamento do Estádio do CD Aves durante um período de 10 anos pelo emblema de Vila Franca de Xira, concelho do distrito de Lisboa que está localizado a 320 quilómetros da Vila das Aves, pertencente ao distrito do Porto.
“Todos os jogadores que têm contrato com a SAD continuarão a tê-lo e só se transferem para a Vila das Aves. Vamos contratar novas pessoas, mas será um processo normal e ninguém irá ficar em Vila Franca de Xira se tiver contrato connosco”, aclarou o dirigente.
O Vilafranquense SAD compete na condição de visitado em Rio Maior, que se situa a 50 quilómetros da sua cidade-sede, desde a subida à II Liga, em 2018/19, e ocupa o quinto lugar, com 41 pontos, a 10 da zona de subida direta à I Liga e a nove da vaga de acesso ao play-off, recebendo hoje o Estrela da Amadora, terceiro colocado, para a 28.ª jornada.
“Se ganharmos, continuamos na luta até ao fim e tudo pode acontecer. Sabemos que é vital vencer para sonhar. Senão, iremos fazer um fim de campeonato à nossa imagem e preparar já o ano seguinte”, analisou Henrique Sereno, cuja SAD vai assumir uma nova designação e emblema assim que se transferir para a Vila das Aves na próxima época.
Devido à falta de condições para as partidas das competições profissionais do Campo do Cevadeiro, que chegou a ser utilizado na Taça de Portugal, a autarquia ribatejana já tinha aprovado o projeto de construção de um novo recinto, mas o processo continua parado.
A administração estava determinada em deixar Vila Franca de Xira, quatro anos após ter adquirido o Vilafranquense por 1,8 milhões de euros (ME), sendo que os sócios do clube fundador aprovaram em 2022 a venda de uma participação de 10% detida na sociedade.
“Temos uma boa relação com o clube e vamos continuar a patrocinar a União Desportiva Vilafranquense nos próximos três anos”, revelou Henrique Sereno, que esteve durante os últimos meses em conversações com outros emblemas, incluindo o Sporting de Espinho.
O contrato assinado com o clube da Vila das Aves “é automaticamente renovável” após o final dos 10 anos e permite ao Vilafranquense SAD resolver o processo de venda da sua licença de participação na II Liga e passar a controlar as camadas jovens dos nortenhos.
O futebol profissional volta àquela freguesia do concelho de Santo Tirso três anos após o ‘adeus’ à I Liga do atual líder da Série 4 de manutenção na Divisão de Honra portuense, que continuará a gerir as suas equipas de futsal e vai abrir uma secção de basquetebol.
O Aves 1930 está impedido há duas épocas pela FIFA de inscrever novos jogadores, na sequência de um conjunto provisório de 17,1 milhões de euros de dívidas a 110 credores por parte da respetiva SAD, que foi declarada insolvente em 2021, a pedido do Oriental.
Despromovida pela via desportiva à II Liga em 2019/20, a sociedade então liderada pelo chinês Wei Zhao enfrentou diversas rescisões unilaterais de jogadores, equipa técnica e funcionários e falhou o licenciamento para as provas profissionais da época seguinte, prescindindo de competir no Campeonato de Portugal, então terceiro escalão nacional.