O Paris Saint-Germain voltou a falhar o grande objetivo da época, a ‘Champions’, mas, mais ou menos por ‘inércia’, somou o 11.º título de campeão francês de futebol, e terceiro consecutivo, desalojando da liderança do ranking’ o Saint-Étienne.
Com um poder financeiro imensamente superior ao da concorrência, conferido pelos milhões de Nasser Al-Khelaifi, os parisienses destronaram ‘Les Verts’, campeões pela 10.ª e última vez em 1980/81, e líderes do historial da Ligue 1 desde o seu sexto título, em 1969/70, igualando então o Reims.
O PSG igualou-os com o ‘bis’ de 2021/22 e ficou agora isolado na frente com o ‘tri’, numa época que, para o ‘onze’ do pouco consensual Christophe Galtier, se divide claramente em duas, com o Mundial Qatar2022 pelo meio.
Antes da prova que terminou com uma final entre as duas grandes figuras do PSG, o veterano argentino Lionel Messi, que ‘bisou’ nesse jogo e arrebatou o troféu, e o jovem francês Kyllian Mbappé, autor de um insuficiente ‘hat-trick’, o conjunto da capital esteve imparável, não contando qualquer derrota.
Em 15 jornadas, os parisienses somaram 13 vitórias e dois empates (1-1 na receção ao Mónaco, à quarta ronda, e 0-0 em Reims, sem Messi, à 10.ª), ‘seguindo’ para o Mundial com mais cinco pontos do que o Lens, 10 face ao Rennes e 11 em relação ao Marselha.
O pós-Qatar2022 foi bem pior para os parisienses, que, nos cinco jogos que se seguiram, venceram apenas dois, mais um empate e duas derrotas (1-3 em Lens, com Messi de férias, e 0-1 em Rennes), com a liderança a manter-se – por três pontos – porque os perseguidores também foram perdendo pontos.
Com Messi em grande destaque, o PSG recompôs-se, somando seis vitórias e um desaire – 1-3 no Mónaco, sem o argentino e Mbappé – nos sete jogos que se seguiram, para uma avanço de 10 pontos para o Marselha, o segundo colocado após 28 rondas.
Os dois desaires que se seguiram, nas receções a Rennes (0-2) e Lyon (0-1), ainda levantaram dúvidas, mas um triunfo na receção ao Lens (3-1), quando esteve já voltara ao segundo posto, a seis pontos da frente, selou, em definitivo as contas, à 31.ª jornada.
A formação parisiense, ainda que com novo desaire caseiro pelo meio (1-3 com o Lorient), acabou por selar hoje o título, com uma jornada por disputar.
Em suma, o Paris Saint-Germain foi fortíssimo na primeira parte da época, mas muito irregular na segunda, valendo-se sobretudo da qualidade individual de Mbappé (28 golos) e Messi (16 golos e 17 assistências).
Os dois jogadores estiveram especialmente inspirados num dos momentos mais difíceis da época, após três derrotas seguidas, em Marselha, para a Taça de França, no Mónaco, para a Ligue 1, e na receção ao Bayern, que começou a desenhar o adeus à Champions.
O argentino decidiu a receção Lille (4-3), na execução soberba de um livre direto nos descontos - num embate marcado pela lesão de Neymar, que acabou aí a época -, e somou duas assistências e um golo, com Mbappé a marcar a dois e assistir no outro, no melhor jogo na prova dos parisienses, um implacável 3-0 em Marselha.
Nos dois jogos seguintes, Messi abriu e Mbappé fechou o 4-2 ao Nantes e, em Brest, o quarto triunfo consecutivo – que colocou a concorrência a 10 pontos -, o argentino assistiu o francês para o golo da vitória (2-1), aos 90 minutos.
Antes, o primeiro a brilhar mais intensamente até foi o brasileiro Neymar, que começou muito bem a época, mas caiu à 24.ª ronda, com grave lesão na receção ao Lille, terminando a prova, ainda assim, com 13 golos e 11 assistências, em 20 jogos.
De resto, a equipa parisiense, que se cruzou com o Benfica na ‘Champions’ (dois empates a um golo na fase de grupos), raramente foi harmoniosa, especialmente pós-Qatar2022, mostrando quase sempre muitas fragilidades a defender, como mostram os 37 golos sofridos, à media de quase um por encontro.
Individualmente, Donnarumma, Hakimi, Marquinhos, Sergio Ramos, Fabian Ruiz, Verratti ou Carlos Soler foram importantes no título, mas não fugiram aos ‘altos e baixos’ gerais.
O título do PSG também teve o selo português, já que quatro internacionais lusos foram também determinantes, especialmente o lateral esquerdo Nuno Mendes, o polivalente Danilo Pereira e o médio Vitinha, mais do que Renato Sanches, culpa das lesões.
Vitinha somou dois golos e duas assistências, em 35 jogos (28 como titular), Danilo Pereira também ‘bisou’, em 32 (26), Nuno Mendes marcou um golo e fez seis assistências, em 23 (18), e Renato Sanches também apontou dois tentos, em 22 (seis).