Uma das maiores mágoas da carreira do ex-futebolista Sílvio Pereira foram as lesões que o afastaram dos relvados e que, por duas vezes, o impediram de participar numa grande competição pela seleção portuguesa.
“Tanto em 2012 [Europeu] como em 2014 [Mundial] a expectativa era alta. Fiz a fase de qualificação para ambas as provas, mas em abril de 2012 sou operado ao joelho e, em 2014, parto a perna em abril e também fico de fora do Mundial. As lesões não me deixaram chegar a esse patamar”, disse o internacional AA por oito ocasiões.
Ainda assim, considerou em entrevista à Lusa, a “dor” foi mitigada por saber que apenas não foi convocado por não estar em condições físicas.
“Tenho pena, mas acalma-me sentir que não foi por falta de qualidade ou de profissionalismo”, confessou o antigo jogador.
No percurso, há momentos que não esquece, nomeadamente as lesões por que foi tantas vezes fustigado.
“Em 2012, chumbei nos exames médicos antes de assinar pelo PSG [Paris Saint-Germain]. Não se concretizou porque não estava bem do joelho”, relembrou, salientando, todavia, que “até foi bom não ter ido”, uma vez que a “expectativa era alta” e, provavelmente, não iria corresponder à exigência porque não se sentia “bem fisicamente”.
Foram vários os períodos de ausência, e, nesse capítulo, há episódios que jamais esquecerá.
“Na minha primeira época pelo Atlético de Madrid, estava a regressar de lesão e começo a treinar, mas há uma bola que quero rematar e assim que bato na bola, senti exatamente as mesmas dores que tinha antes da operação”, abordou, afirmando ter sido “um momento duro”.
Depois disso, revelou, pensou que não mais ia conseguir jogar futebol.
“Pensei que, se não conseguia tocar na bola com o pé esquerdo, não conseguia jogar futebol. Não pensei em acabar a carreira, mas senti-me sem saída”, confessou o lateral que colocou um ponto final na carreira na temporada que findou.
Todavia, a intenção, sabia, não passava por deixar o futebol, e, nesse sentido, foi muito importante o Deportivo da Corunha, pelo qual alinhou depois, por empréstimo dos ‘colchoneros’.
“O Deportivo foi o relançar da minha carreira. Tive que reaprender a estar em campo, de tocar na bola. Antes de me lesionar jogava com os dois pés, mas depois da lesão já quase não utilizava a perna esquerda”, evidenciou.
Seguiu-se o Benfica, regressando à casa onde começou a trilhar a carreira no futebol, mas as “malditas lesões” voltaram a atormentar a vida do polivalente futebolista.
“Apesar de ter feito uma boa primeira temporada, na reta final fraturei a tíbia e o perónio e voltei a parar, mas até lá as coisas estavam a correr bem e era um dos jogadores que o Jorge Jesus mais utilizava”, afirmou.
A segunda de três épocas emprestado pelos espanhóis às ‘águias’ foi, essencialmente de recuperação, e, na última, Sílvio sentiu que já não estava a conseguir acrescentar a “qualidade” que pretendia ao plantel.
“O Rui Vitória [que nessa época tinha substituído Jorge Jesus] deu-me oportunidade para começar a jogar, mas houve um jogo com o Astana em que senti o joelho novamente mal. Bastou isso para ficar duas semanas sem treinar”, lembrou, explicando que André Almeida entrara para ocupar o seu lugar e que as dores o levaram a colocar, novamente, “tudo em perspetiva”.
“Nesse momento percebi que já chegava. Não estava a competir como queria e não estava a conseguir ajudar o clube como gostava. Estar mais um ano já não fazia sentido para mim e para o clube”, disse, justificando a saída do Benfica, em 2016.
Mas, uma vez que as lesões foram sempre uma constante na carreira de Sílvio Pereira, novo episódio sucedeu-se na época seguinte, quando já alinhava pelos ingleses do Wolverhampton.
“Surgiu o desafio e gostei muito, enquanto não me lesionei novamente: rompi o músculo, fiquei quase dois meses de fora, e quando regresso parto um pé…”, desabafou o internacional.
As lesões, como atrás mencionadas, foram bastantes, e algumas das quais deixaram “marcas para a vida”, mas Sílvio Pereira prefere ver o lado positivo.
“Quando comecei a carreira de futebolista, o meu sonho era chegar à I Liga e esse objetivo foi cumprido muito cedo, aos 20 anos. Depois disso foi lucro”, concluiu o futebolista que pendurou as chuteiras no dia 28 de maio, com as cores do Vilafranquense e dentro das ‘quatro linhas’, precisamente o local onde viveu uma das “fases mais bonitas” da sua vida.