A candidata única à liderança do Rio Ave, Alexandrina Cruz, considera “fundamental” que o clube da I Liga portuguesa de futebol se transforme numa SAD e tenha a entrada de “um investidor externo”, que injete “capitais elevados”.
“Sou defensora de uma SAD, pois acho que o modelo de SDUQ faz pouco sentido nos tempos atuais, sobretudo depois da descida de divisão que tivemos [na época 2020/21]. O negócio do Rio Ave é o futebol, e se a parte financeira não estiver bem, a vertente desportiva vai-se ressentir, e vice-versa”, disse à Lusa a dirigente, que é responsável pela área económica do clube há quase duas décadas.
A futura presidente do Rio Ave, que será eleita nas eleições agendadas para 01 de julho, indicou que um dos grandes objetivos do seu mandato será “a recuperação do passivo do Rio Ave”, que no seu entender implica uma consequente revisão estatutária.
“Os sócios têm de saber que isso é algo para o imediato, e não para os próximos anos. Vamos promover uma assembleia geral extraordinária para os associados perceberem o que implica para o clube tomarem, ou não, essa decisão [de criar uma SAD]”, partilhou.
Confessando que não faz diferenciação na entrada de um investidor estrangeiro ou português, Alexandrina Cruz revelou já ter recebido contactos de potenciais interessados.
“Temos procurado soluções, e temos algumas já avançadas e com sustentabilidade. Defendo que o clube, numa primeira fase, deve ficar com a maioria [do capital social], mas percebo que quem entra numa SAD quer ter a maioria. Estamos a negociar e a analisar soluções. Mas é fundamental a entrada de um investidor e de capitais externos elevados”, afirmou.
Alexandrina Cruz lembrou que a descida do Rio Ave à II Liga, há duas épocas, e o consequente investimento para a equipa regressar ao principal patamar nacional causou desequilíbrios nos cofres do clube que vão durar “cinco a seis épocas a recuperar”, caso não haja investimento externo.
“Tivemos, antes, resultados desportivos e financeiros muito bons, em cinco épocas consecutivas, mas a descida de divisão foi um retrocesso tremendo. Gastámos todas as reservas que tínhamos, e bem, para subir, mas a ‘fatura’ estamos a pagar nestas épocas seguintes”, descreveu.
Apesar de identificar essas dificuldades, Alexandrina Cruz disse que avançou com a candidatura à presidência do Rio Ave por achar que o clube “tem oportunidades para voltar a ter um melhor papel no futebol nacional, e de forma ainda mais sustentável”.
“Há cinco anos não tinha esta expectativa de ser presidente, mas nos últimos tempos as coisas proporcionaram-se a que olhasse para o clube de outra forma e percebesse que há mais a fazer”, afirmou.
A futura presidente confessou que, para o sufrágio, esperava que “surgissem mais candidatos para dar uma imagem de maior vitalidade no clube”, mas garantiu que tal não muda “a responsabilidade nem o projeto para o Rio Ave”.
Dentro desse projeto, surge a construção da bancada nascente no estádio, para substituir a que foi demolida há alguns anos, devido a problemas estruturais, e também uma atenção “muito especial para o setor da formação”.
“Acho que o projeto da bancada deve ser repensado, englobando uma série de valências que temos de colmatar, nomeadamente no alojamento para os nossos jovens. O futebol de formação tem de ter um foco grande, pois nos últimos anos não temos tirado os proveitos que podíamos”, abordou.
Alexandrina Cruz considera que a localização do estádio e da recente academia de formação adjacente “é ótima”, apontando que a zona deve ser “um novo ponto de centralidade da cidade” e lembrando que o clube “ainda tem mais terrenos no local para desenvolver”.