A educação é a “grande prioridade” no suporte à pós-carreira dos jogadores, apontou esta sexta-feira o presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), descartando que o estatuto de ‘estrela’ dê “garantias extra” nesse futuro.
“Culturalmente, o futebol e a educação andaram de costas voltadas durante muitos anos. A cultura instalada exigia ao atleta o seu comprometimento a tempo inteiro com o futebol. Dessa forma, ele não tinha uma formação integral como atleta para a vida. Entretanto, há inúmeros exemplos de antigos jogadores a formarem-se nas universidades deste país. O maior caso de sucesso é o Tarantini, que fez doutoramento”, notou Joaquim Evangelista.
Durante o painel “Pós carreira: a importância de preparar o ‘pendurar as botas’ durante a carreira desportiva”, integrado na cimeira Thinking Football, no Pavilhão Rosa Mota, no Porto, o dirigente lembrou a importância de se fomentar uma “visão holística do jogador”.
“Tudo se resume à educação. O jogador tem de se preparar na educação, na saúde, no trabalho, na responsabilidade social. Ou seja, como cidadão. O jogador foi durante muito tempo um ser menor. Havia uma cultura que os impedia de aceder a lugares de gestão, nomeadamente no futebol. Os jogadores têm muita popularidade e são figuras públicas mediáticas, mas isso é uma ameaça. Ainda hoje. Veja-se a dificuldade que existiu para o Rui Costa ser presidente do Benfica ou o Vítor Baía passar a ‘vice’ do FC Porto”, vincou.
Joaquim Evangelista começou a perceber essa mudança a partir da primeira eleição de Fernando Gomes na presidência da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), em 2011, partilhando que o SJPF “exigiu que os jogadores estivessem representados na direção”.
“João Vieira Pinto, Pauleta e Humberto Coelho foram o primeiro sinal em Portugal de que os jogadores podem exercer cargos de gestão. O exemplo dos futebolistas com sucesso não é só para as crianças. Na última semana, falei [à comunicação social] a propósito de Luís Figo concorrer às eleições da FPF. Por que não? Por que é que os jogadores não podem ser presidentes de clubes, de federações e dos organismos? Só se não quiserem. Agora, se os comentadores estiverem sempre a ocupar o lugar deles, é difícil”, sinalizou.
Defensor de que os futebolistas “têm de se qualificar para assumirem responsabilidades”, em vez de “estarem à espera daquilo que os outros podem fazer”, o líder do SJPF pediu que todos possam ser “respeitados como seres humanos” enquanto preparam o futuro.